A produção nacional de máquinas autopropulsadas – segmento da indústria automobilística que reúne tratores agrícolas e equipamentos de construção – teve queda de 4,8% em setembro, na comparação com o total produzido no mesmo mês do ano passado. Em relação a agosto, a produção teve aumento de 4,7%, somando 4,6 mil unidades.

Os números foram divulgados nesta quarta-feira, 7, pela Anfavea, a entidade que representa a indústria nacional de veículos automotores. No comparativo anual, houve queda de 4,2% das vendas internas e baixa de 12,9% das exportações no mês passado.

Na comparação com agosto, as vendas dos fabricantes de tratores agrícolas e de máquinas de construção em setembro cresceram 8,9%, enquanto as exportações avançaram 26,2%.

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De janeiro a setembro, a produção desse setor teve queda de 19,6% em relação aos nove primeiros meses de 2019, num total de 33,2 mil unidades. Na mesma base de comparação, as vendas, de 33,3 mil unidades, subiram 0,9%, embaladas pela safra recorde de grãos. Já os embarques caíram 32,5% nos nove primeiros meses do ano, num total de 6,5 mil unidades.

Vagas de trabalho

A indústria automobilística criou 267 postos de trabalho no mês passado, segundo balanço da Anfavea. Setembro terminou com ocupação de 122,1 mil trabalhadores nas montadoras, 0,2% a mais do que no fim de agosto.

A variação positiva foi ajudada pela reintegração de 747 funcionários que tinham sido demitidos na fábrica da Renault no Paraná, após uma greve de 20 dias nas linhas de montadora francesa.

O setor, como um todo, segue, porém, empregando menos gente do que um ano atrás. Em setembro de 2019, 127,9 mil pessoas trabalhavam em fábricas de veículos e de máquinas autopropulsadas.

Estoque

O estoque de veículos parados em pátios de montadoras e concessionárias terminou setembro com volume equivalente a 20 dias de venda, tendo como referência o ritmo de emplacamentos do mês passado. No total, o setor fechou setembro com 141,7 mil veículos em estoque. No fim de agosto, os estoques estavam no mesmo patamar de giro: 20 dias de venda.

Na apresentação do dado, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, disse que as montadoras têm controlado a produção para manter os estoques enxutos, lembrando que o volume de veículos parados nos pátios chegou, no auge da crise, a alcançar quase quatro meses de venda.

Previsões

Após a reação de mercado mais forte do que a previsto nos últimos meses, a Anfavea revisou para cima as previsões que fez em julho, quando alterou radicalmente as projeções iniciais que apontavam para um crescimento nos volumes do ano.

A associação das montadoras, que entrou em 2020 prevendo alta de 9,4% das vendas de veículos e revisou, em julho, a projeção para uma queda de 40%, agora espera redução menor, de 31%, do mercado neste ano. Se confirmada a previsão, o mercado vai fechar 2020 com 1,92 milhão de veículos vendidos, o que significará um retrocesso ao patamar de 2006.

Seguindo com as previsões para carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, a produção das montadoras, nas novas estimativas da Anfavea, deve cair 35% em 2020, menos do que a queda prevista anteriormente: 45%. A entidade agora prevê a produção de 1,9 milhão de veículos em 2020.

Já a projeção de queda da exportação do setor no ano, bastante influenciada pela crise na Argentina, passou de 53% para 34%. Luiz Carlos Moraes disse que a associação foi cautelosa ao revisar as previsões, que são resultado de uma consulta feita a todos associados da entidade, de modo que reflete, na média, as expectativas das montadoras.

O presidente da Anfavea citou a poupança acumulada pelos brasileiros nos últimos meses, os juros na mínima histórica e a retomada das compras de locadoras de automóveis entre as variáveis que podem fazer o desempenho final ser melhor do que o previsto.

Contudo, ele também lembrou das ameaças à retomada industrial, como a redução do auxilio emergencial e o desemprego. O presidente da Anfavea ressaltou ainda que as montadoras vêm tomando cuidado para não perderem o controle dos estoques – ajustados em 20 dias atualmente – e apontou um aumento de custo “muito acima” do que se imaginava em insumos como o aço, o que pode levar a repasses nos preços, com consequências nos volumes.

Lembrando o padrão de retomada após crises do passado, Moraes disse que o setor torce para que a recuperação tenha um ritmo médio de 11%, levando os volumes para 2,2 milhões de veículos no ano que vem. Ele descartou, porém, uma recuperação mais rápida, capaz de, já em 2021, levar a produção nas linhas de montagem para 3,2 milhões de veículos, volume que, antes da pandemia, era previsto para este ano. “A recuperação agora não depende apenas de mercado interno. Também depende da volta das exportações e há países importantes em crise”, observou o presidente da Anfavea.