O possível aconselhamento paralelo ao Ministério da Saúde, que estaria orientando o presidente Jair Bolsonaro nas questões referentes a covid-19, voltou a ser discutido na sessão da CPI da Covid, no Senado, que ouve nesta terça-feira Ernesto Araújo. Questionado, o ex-chanceler disse não ter conhecimento da existência do grupo.

Durante o questionamento, o relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a sugerir a participação de Olavo de Carvalho neste “ministério da doença” como chamou, e provocou Araújo ao perguntar se Olavo também seria o guru ideológico deste grupo “ou era apenas guru do Ministério das Relações Exteriores”. O ex-chanceler se limitou a negar que sua relação de amizade com Olavo não significava que ela era seu guru na administração da pasta.

Durante seu depoimento, as relações de Araújo com Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e com o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, também foram questionadas, com as quais o chanceler afirmou sempre ter tido excelentes relações.

Sobre Eduardo Bolsonaro, Araújo manteve sua posição ao defender o filho do presidente, dizendo que em uma troca de mensagens nas redes sociais, o embaixador chinês Yang Wanming, e Eduardo, Wanming teria sido ofensivo, e não deu resposta que combinava com a atitude de um diplomata.

No ano passado, o filho do presidente republicou uma mensagem no Twitter que culpava o país asiático pela pandemia. Na ocasião, o perfil oficial da embaixada chinesa protestou contra o deputado e disse que ele havia contraído “vírus mental”. O então chanceler classificou a reação da embaixada “desproporcional”, disse que feriu “a boa prática diplomática” e pediu retratação por parte do embaixador, Yang Wanming, que rejeitou a sugestão de Araújo.

Embaixador

No depoimento à CPI, o ex-ministro das Relações Exteriores afirmou que atuou para solucionar o impasse no recebimento de insumos para produção de vacina da China em janeiro deste ano. Ao ser questionado se concordava com a afirmação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, de que o país asiático teria colocado “barreiras”, Araújo disse concordar e relatou ter enviado ao chanceler chinês uma carta pedindo a liberação da carga.

“E alguns dias depois o ministro me respondeu que faria tudo o quanto possível”, disse Araújo. Por sua vez, o presidente da CPI, Omar Aziz, questionou o motivo de o ex-chanceler não ter tratado da questão com o embaixador da China no Brasil. “Por que o senhor não atravessou a rua e conversou com o embaixador chinês em Brasília? Preferiu mandar uma carta? O senhor não fez isso por causa dos comentários que fez sobre a China”, indagou Aziz.