São Paulo, 19 – A Kepler Weber, líder nacional em sistemas de armazenagem, espera estabilidade nas vendas de equipamentos para a safra 2020/21. A companhia avalia que, de um lado, os fundamentos do agronegócio são “robustos”, com previsão de safra recorde de grãos. Por outro lado, a cautela por investimentos de maior porte deve predominar diante dos reflexos econômicos da pandemia do novo coronavírus. “O mercado vinha em perspectiva de recuperação. A tendência é de continuidade, o que muda é o calibre do crescimento, que deve ser modesto”, projeta o diretor-presidente e de Relações com Investidores da Kepler Weber, Piero Abbondi. “O crescimento poderia ser melhor se não houvesse a crise, mas alguns investimentos, apesar do planejamento anterior à pandemia, devem ser segurados”, acrescenta o executivo.

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Na análise do diretor, pelo fato de a Kepler responder por aproximadamente 40% do market share nacional, o desempenho dos negócios da companhia está diretamente atrelado ao panorama geral do segmento. “Hoje, o cenário está muito incerto. Quem investe em bens de capital, caso dos silos e armazéns, precisa de previsibilidade. Por isso, as vendas devem repetir o desempenho da safra passada”, avalia Abbondi.

No momento, os negócios para a safra 2020/21 estão em fase de estudo de projetos e análise de orçamentos, esclarece o executivo. Por serem obras que exigem pavimentação e construção civil anterior à instalação do equipamento, os projetos geralmente começam a ser concretizados aproximadamente seis meses antes do uso, ou seja, para a próxima temporada, que começa a ser colhida em fevereiro, devem se acelerar em meados de agosto. “Os negócios continuam, em ritmo pouco mais lento em virtude do esgotamento dos recursos com juros subsidiados pelo governo. Há intenção de investimento, a viabilização depende dos recursos”, analisa Abbondi.

Abbondi considera que o volume de aporte destinado pelo agricultor para ampliação da estrutura de armazenagem para a safra 2020/21 vai depender dos recursos do Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) 2020/21 – linha com juros subsidiados do Plano Safra. “Há maior participação de linhas privadas adequadas para investimentos de longo prazo, mas a crise gera turbulência na oferta de crédito com bancos mais cautelosos. Portanto, a chave para viabilização de projetos para a próxima safra será o volume do PCA”, diz.

Segundo o executivo, as empresas do setor, representadas pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), enviaram proposta ao Ministério da Agricultura sugerindo redução no prazo da linha do PCA de 15 anos para 10 anos e redução dos juros de 7% para 3%. “Espera-se que os recursos venham maiores que o ofertado na temporada passada, pois o governo tem sinalizado uma atenção maior à infraestrutura”, projeta Abbondi.