Na última década, os chamados países emergentes, como o Brasil, vêm mostrando cada vez mais a sua cara no quadro econômico internacional, passando a se destacar não mais somente como destino, mas também como origem de Investimento Estrangeiro Direto (IED). Atualmente, esses países emergentes são fonte de mais de 30% do fluxo global de investimentos produtivos transnacionais, de acordo com o World Investment Report 2013, divulgado pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).

No caso do Brasil, essa inversão de papel em rela­ção ao IED é um reflexo da situação atual da economia do País. Em decorrência deste momento econômico, cada vez mais empresas brasileiras, de diferentes portes, vêm incorporando em sua estratégia a necessi­dade de ampliar suas pers­pectivas de negócio, principalmente em nível global. A estimativa da Sobeet é de que 900 empresas brasileiras estejam atuando no Exterior – três vezes mais que há dez anos.

Apesar de muitos especialistas apontarem que a inter­nacionalização não faz parte da cultura das empresas bra­sileiras e que as primeiras companhias tenham buscado esse caminho unicamente por necessidade de recursos, a última década vem contrariando essa premissa. Nesses últimos anos, o Brasil, que era sempre um dos principais alvos de investimentos de outros países, passou a figurar entre os principais investidores também. A atual situação econômica vivenciada pelo País levou suas empresas a um quadro irreversível no qual a internacionalização faz parte de um processo natural e os investimentos externos são crescentes. O natural é que as empresas brasileiras que desejam crescer consideravelmente em seus segmentos busquem novos mercados, novos espaços, porque, apesar de o País ser enorme, o mundo é ainda maior.

Envolvido por esse novo panorama econômico, as companhias brasileiras estão dando um salto importantíssimo para seu crescimento em nível global. Essa nova realidade está tornando­ as mais competitivas, porque, além de aumentar sua exposição à concorrência internacional e a diferentes mercados, as mantém sempre atualizadas em relação às tendências inovadoras em suas áreas. A diversificação dos negócios em nível mundial traz mais estabilidade ao crescimento das vendas, com­ pensando as oscilações de crescimento no mercado interno, além de baratear custos e diluir riscos.

Dado que o Brasil é uma das potências do futuro – e que espera tornar­-se a quarta maior economia do mundo em 2050 –, precisará buscar nos próximos anos bons parceiros comerciais para alcançar um desenvolvimento ainda maior em setores estratégicos, como logística, infraestrutura, energia e agroindústria. Por isso, o ideal é que empresas brasileiras analisem bem as vantagens oferecidas por cada um dos países antes de escolherem para onde pretendem expandir seus negócios. Até mesmo a crise vivida por países desenvolvidos não deve ser motivo para recuo, já que são empresas experientes e que por anos triunfaram em um ambiente não tão favorável aos negócios.

Nesse cenário econômico de avanço para o setor empresarial brasileiro, o agronegócio é o setor com maior potencial de investidores e é provável que em pouco tempo o Brasil se torne o maior produtor mundial de proteína e produtos do agro­ negócio em geral. Com isso, é inevitável que as principais empresas brasileiras desse segmento que ainda não atuam lá fora busquem expandir seus negócios para outros países. Por isso mesmo, precisam analisar caso a caso todos os possíveis benefícios para se estabelecerem. O empresário brasileiro deve avaliar não só o momento da economia do País onde irá investir como o ambiente fiscal, a infraestrutura tecnológica e logística, a facilidade em se adaptar ao merca­ do local e até mesmo a localização e a qualidade de vida.