É notório que a economia brasileira patinou neste ano que está terminando. Com o país apresentando crescimento em baixa e inflação em alta, diversos segmentos da indústria registraram prejuízos e
desejam que 2014 se encerre o quanto antes. Mas, quando observamos o agronegócio, numa visão mais ampla, o resultado é positivo. Levantamento do Cepea/Esalq e da Confederação da Agricultura e 
Pecuária do Brasil (CNA) divulgado em outubro apontou que o PIB desse setor teve alta de 1,9% nos primeiros sete meses de 2014, enquanto a do PIB brasileiro está próximo a zero.

Apesar desse cenário, as expectativas para o agronegócio no próximo ano não são tão otimistas assim. Com a safra brasileira de grãos ainda sendo plantada e preços das commodities em queda, existe o temor de uma provável perda de renda do setor em 2015. Além disso, as empresas devem se preparar para desafios “inesperados”. Sim, inesperados entre aspas, pois as companhias do segmento precisam enfrentar eventualidades como a crise hídrica, alterações climáticas, infestação de pragas nas plantações, o vaivém do valor do dólar e o já citado preço das commodities em constante oscilação.

Vale lembrar que o agronegócio é o setor de maior tradição no Brasil e é incontestável seu impacto no desempenho da economia. Ele tem um significado estratégico não somente para geração de renda e emprego no campo, mas também para a evolução e desenvolvimento do País. Embora haja um número considerável de grandes corporações atuando no ambiente rural, esse segmento está fortemente concentrado em empresas familiares. Essa característica, no entanto, não representa empecilhos ao seu pleno desenvolvimento. A administração familiar, por meio de um processo sucessório sustentável, 
pode ser um trunfo à expectativa de longevidade das empresas. Enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, a idade média do empresariado rural é de 58 anos, nos países europeus é de 52 e no Japão, 67. Já no Brasil, a idade média cai para 45.

Por outro lado, a ausência de uma estrutura de governança com boas práticas pode gerar dificuldades para a indústria, principalmente, no que tange à busca por capital. Uma pesquisa da KPMG Internacional constatou que 58% das empresas familiares estão buscando recursos externos para financiar seus planos de investimento, mas encontrar o parceiro estratégico certo pode ser desafiador. Embora gerem mais de 70% do PIB global, muitas dessas organizações dizem que acham suas opções de levantamento de fundos limitadas. Um exemplo disso é a captação de recursos via private equity que, geralmente requer a venda integral da companhia para maximizar o valor. Nesse caso, os sócios quase sempre encaram qualquer investimento externo como parte de um plano mais longo para assegurar o controle total. Como resultado dessas limitações, muitas empresas familiares podem estar retraindo seu potencial de crescimento. O mesmo levantamento apontou que a entrada de indivíduos com elevada riqueza (high-net-worth individuals – HNWIs) é uma opção pouco utilizada como fonte de investimento. Só para se ter uma ideia, estima-se que haja mundo inteiro cerca de 14 milhões de pessoas com patrimônio líquido superior a 53 trilhões de dólares. 

A pesquisa mostrou ainda que, aqui no Brasil, essa ajuda financeira também é pouco utilizada. Apenas 20% das empresas familiares já receberam investimentos desse tipo. Mesmo que existam desafios e dificuldades, as chances de sucesso em uma parceria entre eles são grandes.  É necessário identificar as necessidades de ambas as partes, além disso, s empresas familiares precisam reconhecer
a importância de influências externas, a fim de criar estratégias inovadoras e se expandir para novos mercados. Para atingir esse objetivo, uma comunicação mais próxima entre eles é essencial para o negócio. 

Nesse contexto, independente da forma de investimento que será usada, um ponto é fundamental para as empresas familiares: é preciso que elas tenham uma excelente organização interna e um planejamento estratégico bem elaborado. Ter uma boa saúde financeira pode ser o fator decisivo para a sobrevivência em um momento de incerteza. Encontrar os investimentos e parceiros adequados podem fazer com que o ano de 2015 seja extremamente  positivo para o resultado final do agronegócio.