Foi-se o tempo em que as zonas rurais eram territórios seguros e livres dos bandidos. No começo, os principais alvos dos gatunos eram os defensivos agrícolas e outros materiais de trabalho, vendidos na própria região. De uns tempos para cá, no entanto, a ousadia dos ladrões aumentou. Agora, nem os enormes tratores e máquinas estão a salvo. Então, o que fazer? Buscando minimizar os prejuízos dos produtores, a Car System, uma das pioneiras na implementação dos rastreadores via satélite em veículos de passeio, lançou um sistema semelhante, mas adaptado para as máquinas agrícolas.

PROTEÇÃO E EFICIÊNCIA: além de fazer o rastreamento, sistema de telemetria ajuda a otimizar a produção

O sistema é praticamente o mesmo utilizado nos carros, mas com algumas vantagens que podem ajudar o produtor a otimizar o trabalho na fazenda. A principal delas é o sistema de telemetria, idêntico ao usado pelas equipes de Fórmula 1. Com a ferramenta instalada nas máquinas, é possível acompanhar em tempo real toda a frota rastreada, obtendo dezenas de dados, como localização, condições do óleo e combustível, além do funcionamento das partes das máquinas, como esteiras e plataformas. Tudo online, via internet.

“Além do bloqueador e rastreador, o equipamento é capaz de analisar mais de 30 pontos da máquina. Tudo o que está acontecendo no campo chega ao computador da usina numa fração de segundo”, explica Luis Carlos Araújo, responsável pela Car System Interior, divisão de maquinário agrícola da empresa. “Já existem várias usinas no interior de São Paulo utilizando nossa tecnologia.

Agora estamos chegando também a Goiás, ao Paraná e à Bahia, locais que têm um potencial enorme”, continua o executivo, que não revela os nomes dos parceiros por motivos contratuais e, claro, de segurança.

Neste primeiro momento estão sendo oferecidas duas tecnologias. A GPRS, que funciona apenas como um rastreador e bloqueador convencional e custa a partir de R$ 2,5 mil cada uma, e o modelo Satelital, que conta com o sistema de telemetria e custa cerca de R$ 4 mil por máquina. Em ambos os casos, é cobrada uma taxa mensal de R$ 300 por aparelho pelo sinal do satélite. “Se pararmos para pensar que estamos tratando da segurança de máquinas que valem mais de R$ 1 milhão, a tecnologia tem um custo relativamente baixo”, argumenta Araújo.

A tecnologia, por enquanto restrita às usinas paulistas, também pode ser utilizada em outras regiões do País, cujos índices de roubo de equipamentos chegam a assustar a cadeia produtiva. Um dos exemplos vem de Goiás e a tendência de mais segurança para os equipamentos é irreversível, segundo o presidente da Comissão de Segurança no Campo, Manoel Caixeita, da Federação Agrícola do Estado de Goiás (Faeg). “Existe um mercado negro desses equipamentos, que saem de Goiás e são vendidos para outros Estados com documentos esquentados. Então, quanto mais trabalho dermos aos gatunos, pior para eles”, brinca.

Nicholas Vital