O surgimento das florestas como uma classe atrativa de ativos sob a ótica dos investidores institucionais é recente em todo o mundo. Os Estados Unidos foram precursores no desenvolvimento dessa nova modalidade de investimento. Até meados da década de 1980, predominava o conceito de verticalização da indústria florestal naquele país, segundo o qual as empresas eram detentoras de extensas áreas florestais para suprir a demanda de madeira das suas unidades industriais e os volumes excedentes eram direcionados ao mercado. 

Naquela época, algumas empresas do setor concluíram que os ativos florestais, uma vez alienados, poderiam gerar caixa para a liquidação de dívidas ou, até mesmo, poderiam alavancar investimentos em sua operação industrial. Com base nesse modelo de negócio, os ativos florestais foram adquiridos por investidores atuantes no mercado, que assumiram o compromisso de suprir a demanda de matéria-prima das unidades industriais das antigas detentoras desses ativos.

O rápido e crescente avanço das florestas como uma classe de ativos para investimento está associado a determinadas características. Entre elas, destaca-se o retorno econômico proporcionado, quando comparado com outras classes de ativos. É o caso, por exemplo, dos títulos do Tesouro americano. Historicamente, os ativos florestais naquele país têm proporcionado retornos muito superiores aos títulos do 
governo. Outra seara em que os ativos florestais se destacam é o mercado de ações, também sempre com ganhos superiores. Além disso, a baixa volatilidade e a fraca correlação dos ativos florestais com a maioria das classes de investimentos tradicionais têm se mostrado uma excelente alternativa para a diversificação de portfólios. Não menos importante para medir a saúde do setor é a correlação com a inflação. Nesse caso, a valorização da madeira também tem ficado sempre acima. 

Por outro lado, existem riscos para esse tipo de investimento. Os principais são os fatores biológicos e climáticos. No entanto, eles podem ser mitigados a partir da adoção de práticas de cultivo e medidas de proteção adequadas. No Brasil, os primeiros investimentos em ativos florestais ocorreram somente a partir do final da década de 1990 e desde então eles vêm crescendo a passos largos. Isso se deve basicamente a dois motivos. O primeiro são as vantagens das condições de solo e clima do País em relação a outras regiões produtoras no mundo. Na Finlândia, por exemplo, as florestas naturais de pínus crescem cerca de sete metros cúbicos por hectare/ano, enquanto no Brasil está próximo de 35 metros cúbicos por hectare ano, crescimento cinco vezes superior. O segundo motivo que vem alavancando os investimentos em ativos florestais é a estabilidade econômica verificada no Brasil nos últimos anos. 

Gradativamente, o investimento em plantações florestais no País tem deixado de ser um negócio vinculado exclusivamente às indústrias consumidoras de madeira. Os investidores institucionais que têm ocupado espaço são, sobretudo, os fundos de pensão, fundos de investimento, family offices e, até mesmo, as pessoas físicas. Apostar em florestas é uma tendência já experimentada em mercados mais evoluídos, mas que somente agora começa a se consolidar no Brasil. 

No País, as plantações florestais têm apresentado resultados compatíveis com investimentos tradicionais de baixo risco e de longo prazo. Independentemente da espécie de planta considerada, taxas de retorno real quase sempre oscilam entre 8% e 12% ao ano, podendo em casos excepcionais alcançar 14%. Ou seja, não há dúvida de que os investimentos em ativos florestais são uma nova oportunidade de negócio em que o Brasil oferece um conjunto de condições únicas. Resta, agora, esperar que os investidores institucionais no País amadureçam suas posições para que os ativos florestais ganhem escala e velocidade no mercado.