O Brasil é um dos países com a maior variedade de árvores que integram a lista de espécies da flora com risco de extinção, elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente. O cedro, uma planta nativa da Mata Atlântica, é uma delas. A madeira dessa árvore nobre, apontada por Fernanda Rodrigues, coordenadora técnica do sistema de certificação FSC Brasil, ao caminhar pelo Parque Trianon, na capital paulista é cobiçada especialmente pelas indústrias moveleira e de instrumentos musicais. De acordo com Fernanda, é justamente para atender essa demanda por madeiras de lei, além das de papel e celulose, com espécies como pinus e eucalipto, que muitos produtores estão buscando cada vez mais o manejo florestal responsável, por meio da certificação de sua área plantada. “A garantia de origem do produto foi uma exigência que surgiu na década de 1990, principalmente na Europa”, diz. Com isso, e com a criação do Plano Nacional de Mudança do Clima, na mesma década, e também de olho no mercado externo, o País acabou entrando de vez na corrida pela produção sustentável. “Com a certificação, o produtor tem como garantir que sua produção florestal é sustentável”, afirma Fernanda. O Brasil conta com mais de sete milhões de hectares certificados pela Forest Stewardship Council (FSC) ou Conselho de Manejo Florestal, na tradução do inglês. O Brasil é o quinto maior país com áreas certificadas no mundo. O Canadá é o primeiro, seguido por Rússia, estados unidos e Suécia. A primeira certificação brasileira ocorreu em 1996, quando veio ao País um grupo de certificadores creditado pela FSC. Atualmente, o sistema de certificação, instituído no Brasil em 2001, conta com 11 empresas certificadoras no País, como o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e agrícola (IMAFLORA), o Programa Brasileiro de Certificação Florestal (CERFLOR), e a Associação de Certificação Socioparticipativa da Amazônia (ACS amazônia). De acordo com a coordenadora técnica, 60% das áreas brasileiras certificadas pela FSC são de plantações florestais, principalmente pinus e eucalipto, nos estados de São Paulo, Paraná e Bahia. “O restante está na área de manejo na amazônia”, diz Fernanda. Estabelecida também na década de 1990, no Canadá, a FSC nasceu no bojo da Conferência das nações unidas sobre o Meio Ambiente e o desenvolvimento, conhecida como ECO 92. De lá para cá, com 800 membros espalhados pelo mundo, a certificadora com sede em Bonn, na Alemanha, passou a contar com dois tipos de selos – o de manejo florestal, para as áreas de plantação ou manejo de floresta natural, e o selo de cadeia de custódia ou de rastreabilidade. “A madeira sai da fazenda, e nas mãos do consumidor, ele saberá que o produto não saiu de uma área de desmatamento”, diz a coordenadora técnica.

A Klabin,  de São Paulo, maior fabricante nacional e exportadora de papéis para embalagem, é uma das empresas que apostaram na certificação FSC. Também é o caso da Amata, a primeira a obter uma concessão florestal pública no Brasil e que atua em toda a cadeia da madeira, e da gaúcha Ervateira Putinguense, que com a certificação garantiu a possibilidade de fornecer erva-mate para a Natura. A Klabin, por exemplo, líder na produção de papéis e cartões para embalagens, sacos industriais e madeira em toras, com uma receita, no ano passado, de R$ 4,2 bilhões, conquistou as primeiras certificações em 2005. Suas florestas em santa Catarina e o selo para a cadeia de custódia de papel-cartão e kraftliner, em seu complexo industrial do Paraná, foram reconhecidos pelo sistema de certificação. Em 2006, foi a vez da produção de papéis, sacos industriais, papel-cartão e kraftliner em diversas unidades de receber a identidade sustentável da FSC. “Fomos a primeira empresa do setor, no hemisfério sul, a receber a certificação FSC”, diz José Artêmio Potti, diretor florestal da Klabin. Segundo Potti, as certificações são parâmetro para constantes melhorias em processos e produtos. Do total da área da Klabin, 94,5% são certificados, o que representa 423 mil hectares. “A certificação garante acesso ao mercado cada vez mais exigente”, diz Potti. “Além de permitir acesso a crédito.” Para certificar tudo isso, a Klabin teve de se adequar aos dez princípios da FSC Brasil. “Entre eles, está a promoção de ações de restauração ambiental e de conservação das áreas de mata ciliar”, diz Fernanda. “Isso garante que os altos valores de conservação sejam mantidos e melhorados ao longo do tempo”. Ainda segundo Fernanda, a legislação trabalhista também deve ser cumprida à risca. Nesse quesito e para a adequação aos princípios pode incidir algum custo, além de uma despesa anual, com uma auditoria, para revalidar o cumprimento dos critérios certificadores. “Esse custo varia de acordo com a área e com a certificadora”, diz.