Passaram-se mais de dois anos da abertura do mercado norteamericano para a carne suína brasileira e a Cooperativa Central Aurora Alimentos – com sede em Chapecó (SC) – continua sendo a primeira e a única empresa brasileira a exportar para os Estados Unidos da América.

As vendas para aquele mercado vem crescendo firmemente. Em 2014 foram embarcadas 50 toneladas (dois contêineres). Em 2015 o volume chegou a 275 toneladas ou 11 contêineres. Um salto significativo ocorreu neste ano de 2016 com a venda (até outubro) de 2.850 toneladas de carne congelada, acondicionada em 114 contêineres. Até o fim do ano, os negócios devem atingir 150 contêineres.

Os principais produtos exportados são barriga, carré, sobrepaleta e costelinha de lombo, entre outros cortes eventualmente adicionados ao mix de exportação.

O presidente Mário Lanznaster disse que a Aurora está entrando no país que tem a maior e a mais avançada suinocultura do planeta, aproveitando alguns nichos de mercado. “Apostamos, persistimos e estamos avançado lentamente”. Um dos nichos é a barriga de suíno, um corte muito apreciado na dieta dos americanos que a produção interna deles não consegue suprir.

Lanznaster prevê que, em 2017, as vendas para o Norte chegarão a 200 contêineres, ou seja, 5 mil toneladas. “São volumes relativamente modestos em termos de comércio mundial, mas o objetivo da Aurora é entrar gradualmente e se consolidar no mercado americano, cuja qualidade é mundialmente reconhecida”, expõe. A empresa não informa o total de divisas obtidas com as vendas por uma questão de estratégia comercial.

A unidade industrial FACH-1, localizada em Chapecó, está habilitada para exportar aos Estados Unidos.

DIFÍCIL E DESEJADO

O presidente explica que os Estados Unidos tem um consumo interno muito forte de carne suína com osso – principalmente costela, costelinha, carré – e estes são os principais itens que a Aurora exporta nessa primeira fase. Num segundo estágio serão desenvolvidos cortes especiais de acordo com a preferência do consumidor americano.

Acredita que a meta de 5.000 toneladas será atingida no próximo ano, mas, assinala que “não é fácil o acesso ao mercado americano”. Além das rigorosas exigências sanitárias, o país é grande produtor de carne suína. O segmento mais promissor é o de distribuição para atender fast food e restaurantes. Na esfera planetária, os Estados Unidos ocupam a primeira posição como exportador de suínos, a terceira como produtor e a sétima como importador mundial.

Lanznaster prevê que o mercado mundial de carnes continuará competitivo em 2017 e que a rentabilização da operação com carnes dependerá muito da redução de custos. “O mercado não vai crescer muito”, acredita. Por isso, a melhoria das margens virá da otimização dos processos de produção e aumento contínuo da eficiência.

Exportando para mais de 60 países de todos os continentes, a Aurora vem aumentando sua presença no mercado externo. A cooperativa obteve, em 2015, uma receita operacional bruta da ordem de 7,7 bilhões de reais e as exportações representaram 24% do faturamento (ou 1,8 bilhão de reais).  Atualmente, 50% da carne de aves produzida e 13% da carne suína destinam-se ao exterior.

Os Estados Unidos abriram o mercado de carne suína para o Brasil em 2012. A planta da Aurora em Chapecó foi habilitada em 12 de setembro de 2012, o CSI foi publicado em 28 de agosto de 2013 e os registros dos produtos cárneos foram deferidos em 12 de setembro de 2014.

Os primeiros negócios somente começaram a ocorrer no fim de 2014 porque foi necessário dirimir divergência de entendimento quanto a necessidade de registro dos produtos exportados no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), além de muitas tratativas com os clientes.