Em meio aos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia, a taxa média de juros no crédito livre caiu de 31,3% ao ano em abril para 29,5% ao ano em maio, informou nesta sexta-feira o Banco Central. Em maio de 2019, essa taxa estava em 37,9% ao ano.

Os dados apresentados hoje pelo BC são influenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população e reduziu a atividade das empresas. Em meio à carência de recursos, famílias e empresas aumentaram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.

Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 44,6% para 42,7% ao ano de abril para maio, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 15,7% para 14,2% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 119,6% ao ano para 117,1% ao ano de abril para maio. No crédito pessoal, a taxa passou de 34,7% para 33,3% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor.

Em função da ineficácia da autorregulação da Febraban, o BC anunciou a limitação dos juros do cheque especial em 8% ao ano (151,82% ao ano). A nova regra começou a valer em 6 de janeiro.

Além da limitação do juro, os dados de hoje também refletem uma revisão realizada na série histórica do BC. De acordo com a autarquia, os números passaram a considerar o fato de alguns bancos cobrarem juro no cheque especial apenas após dez dias de atraso no pagamento da fatura. Antes, era considerado todo o período de atraso. Esta mudança fez com que o nível do juro no cheque especial, na nova série histórica, fosse menor em anos anteriores.

Os dados divulgados nesta sexta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 20,4% ao ano em abril para 19,5% em maio.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 21,5% ao ano em abril para 20,4% ao ano em maio. Em maio de 2019, estava em 24,9%.

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,5 ponto porcentual em maio ante abril, a 12,4% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Spread

O spread em operações de crédito apresentou redução. Dados do Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 26,2 pontos porcentuais em abril para 24,6 pontos porcentuais em maio.

O spread médio da pessoa física no crédito livre foi de 38,8 para 37,2 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 11,3 para 10,1 pontos porcentuais.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado passou de 4,2 para 4,5 pontos porcentuais de abril para maio. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 17,2 para 16,4 pontos porcentuais no período.