Após salientar várias vezes que a política fiscal é piloto da política monetária, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central (BC), João Manoel Pinho de Mello, disse nesta quarta-feira, 26, que a sua autarquia é um passageiro na transição ao que chamou de “mundo de juros baixos”.

“A política monetária é passageiro. O piloto é o fiscal. O que nos trouxe a patamar de juros baixos sem precedente foram vários fatores, mas um preponderante foi o fiscal, a solidez da trajetória da política fiscal”, afirmou o diretor do BC ao abrir uma conferência virtual promovida pela TAG Investimentos.

Perguntado sobre como o Brasil vai financiar a conta deixada pelas despesas de enfrentamento da pandemia, Pinho de Mello, depois de responder que cabe ao Congresso e ao Executivo tomar decisões sobre a trajetória da dívida, frisou que a manutenção dos juros em níveis baixos depende da sustentabilidade fiscal.

Lembrando das últimas comunicações feitas pelo BC, ele assinalou que as condições econômicas seguem demandando política monetária estimulativa – ou seja, juros abaixo da taxa neutra -, enquanto as expectativas de inflação seguirem abaixo da meta. Reafirmou, por outro lado, que o espaço a estímulos monetários de curto prazo é “diminuto”.

“Essa resposta está razoavelmente clara na ata e no comunicado do Copom”, disse o diretor da autarquia. “O BC é passageiro, não é piloto”, concluiu Pinho de Mello.

O diretor do BC aproveitou ainda o evento para elencar todas as ações tomadas desde o início da crise para prover liquidez ao sistema bancário. Ressaltou também que a solidez do sistema financeiro já tinha sido testada com sucesso em outras crises.

“Entre 2014 e 2016, o PIB caiu em aproximadamente 10% sem causar crise bancária. A solidez do sistema financeiro não é nem objeto de disputa, passou com nota excelente por crises”, comentou Pinho de Mello.