Ao elevar a Selic mais uma vez em 1,5 ponto porcentual – para 9,25% ao ano – o Comitê de Política Monetária (Copom) citou o aparecimento da variante Ômicron do novo coronavírus como um fator que adiciona incerteza sobre o ritmo de recuperação nas economias centrais, diante da possibilidade de uma nova onda de covid-19 no inverno do hemisfério Norte.

“No cenário externo, o ambiente se tornou menos favorável. Alguns bancos centrais das principais economias expressaram claramente a necessidade de cautela frente à maior persistência da inflação, tornando as condições financeiras mais desafiadoras para economias emergentes”, destacou o comunicado.

O Copom reconheceu que os últimos indicadores sobre a atividade vieram mais uma vez “moderadamente” abaixo do previsto e repetiu que a inflação ao consumidor continua elevada. “A alta dos preços foi acima da esperada, tanto nos componentes mais voláteis como também nos itens associados à inflação subjacente”, completou o BC.

Já o balanço de riscos da autoridade monetária não mostrou alteração, com fatores em ambas as direções. De um lado, uma possível reversão mesmo parcial nos preços das commodities poderia levar a uma inflação menor. Por outro lado, novas extensões de medidas de resposta à pandemia que afetem o fiscal podem elevar os prêmios de risco do País.

“Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mantendo a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico”, repetiu o documento.