O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou nesta quinta-feira, 8, que o risco de “deslocamento” da projeção do IPCA de 2022 é “algo que nos preocupa”. Ele se referiu à possibilidade de as projeções da inflação oficial para o próximo ano ficarem acima da meta de 3,50% para o ano.

“Alguns participantes (do mercado) que atualizam com mais frequência (as projeções de inflação) mostraram viés de atualizar a inflação para cima, sugerindo o risco de alta”, pontuou. “Está consistente este risco de desancoragem, que colaborou para o BC ser mais incisivo (no último encontro do Copom). “O BC entendeu que era melhor ser mais incisivo.”

No encontro de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic (a taxa básica de juros) em 0,75 ponto porcentual, surpreendendo parte do mercado. Além disso, sinalizou a intenção de promover novo aumento de 0,75 ponto porcentual em maio.

O diretor do BC também procurou justificar o fato de a instituição não ter dado sinalizações, antes da reunião de março, de que a Selic poderia subir 0,75 ponto porcentual – uma elevação maior que a esperada pelo mercado financeiro.

“Se tivéssemos a capacidade de prever tudo o que ocorreu de janeiro a março, certamente teríamos sinalizado (o 0,75 pp)”, afirmou. “Não tivemos tempo de fazer a sinalização.”

Serra avaliou ainda que, “olhando para frente, o juro está adequado, está no grau de estímulo adequado”. Ao mesmo tempo, ele ponderou que o cenário em 2021 mudou da água para o vinho na economia, em comparação com o visto no ano passado, mas não na pandemia.

No entanto, conforme o diretor do BC, pelo cronograma que se apresenta, a população mais vulnerável do Brasil estará vacinada antes da virada do semestre, “o que seria ótimo”.

Serra participou nesta quinta-feira de evento virtual organizado pela Consulting House.