As abelhas são responsáveis por polinizar muitas plantas frutíferas, mas a população tem diminuído significativamente nas últimas décadas. Pensando em revolver esse problema, um estudo japonês está testando a polinização usando bolhas de sabão.

A pesquisa, publicada na revista iScience, destaca que os produtores têm buscado outras maneiras de pulverizar as plantas. Os pulverizadores alternativos disponíveis, como o de máquina, reduzem o trabalho humano e a dependência de insetos, mas são caros e desperdiçam pólen.

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A perda de abelhas é uma “crise mundial”, disse o co-autor do estudo, Eijiro Miyako, professor associado da Escola de Ciência de Materiais do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia do Japão, à CNN.

Desde 2017, a equipe de Miyako tem buscado maneira alternativas de polinizar. Os pesquisadores testaram cinco surfactantes comerciais diferentes – substâncias que reduzem a tensão superficial de um líquido, aumentando assim as propriedades de espalhamento e umedecimento do líquido.

O Lauramidopropil betaína, um surfactante que se comporta como sabão, foi a melhor opção. Eles perceberam que a sua capacidade de formação de espuma produziu muitas bolhas de sabão estáveis e o produto facilitou germinação de pólen.

Após três horas de polinização, a atividade do pólen através das bolhas foi maior do que a de outros métodos, como a polinização em pó ou polinização por solução. Para testar o método, os cientistas observaram um grupo de controle, a polinização por bolhas e a manual. Enquanto a taxa de frutificação do grupo controle (que não foi polinizada) foi de cerca de 58%, a polinização por bolhas e mão alcançou uma taxa de cerca de 95%.

Miyako explica que não foi possível observar diferenças entre a polinização por bolhas e manual, mas que o método desenvolvido na pesquisa tem mais vantagens potenciais em termos de automação futura e redução de grãos de pólen.

Para criar um polinizador robótico, os pesquisadores combinaram um fabricante de bolhas automático que produzia cerca de 5 mil bolhas por minuto com um drone autônomo controlado por GPS.

Em um dos testes, quando o drone se moveu mais devagar, os pesquisadores encontraram uma taxa de sucesso de 87%. A interação de robôs com sistemas biológicos é complicada, segundo os pesquisadores, mas eles afirmam estarem otimistas.