As bolsas europeias operam em baixa desde a abertura do pregão desta sexta-feira, reagindo a uma nova escalada nas tensões entre EUA e China. Nesta madrugada, Pequim mandou os EUA fechar seu consulado em Chengdu, em retaliação à decisão da Casa Branca de determinar o fechamento do consulado chinês em Houston. As perdas, no entanto, são limitadas por novos sinais de que a atividade na Europa continua se recuperando do violento impacto da pandemia de coronavírus.

O governo chinês deu prazo de 72 horas para os EUA fecharem o consulado em Chengdu, no sudoeste do país asiático, com o argumento de que o corpo diplomático americano vinha interferindo em assuntos internos da China. O gesto veio dois dias depois de Washington ordenar o fechamento do consulado chinês em Houston, no Estado do Texas, com o argumento de que o local era utilizado para espionagem de cidadãos americanos.

O clima desfavorável entre Washington e Pequim, que se arrasta há meses, ganhou novo desdobramento também no fim da tarde de ontem, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, e o Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, fizeram graves críticas à China.

Trump minimizou a importância do pacto comercial selado entre os dois países no dia 15 de janeiro deste ano. “O acordo comercial com a China significa muito menos para mim hoje do que quando o assinei”, disse o presidente, em coletiva. Trump também voltou a responsabilizar a China pela pandemia de coronavírus. “O mundo inteiro foi infectado porque a China não parou o coronavírus”, afirmou.

Já Pompeo disse que a China está cada vez mais autoritária e agressiva e que Trump havia decidido dar “um basta”. Pompeo também pediu mudanças nas práticas do Partido Comunista da China e acusou o presidente do país, Xi Jinping, de acreditar em uma “ideologia totalitária falida”.

Por outro lado, os últimos índices de atividade (PMIs) mostraram que a economia da Europa voltou a se expandir, à medida que os países do continente gradualmente reverteram medidas de isolamento motivadas pela covid-19. Segundo a IHS Markit, o PMI composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, subiu de 48,5 em junho para 54,8 em julho, atingindo o maior patamar em 25 meses e superando expectativas de analistas. A leitura acima de 50 indica expansão da atividade. Na Alemanha e no Reino Unido, o mesmo indicador também ultrapassou a barreira dos 50 e ficou bem acima do esperado.

Ainda no Reino Unido, o setor varejista surpreendeu positivamente pelo segundo mês consecutivo em junho, com avanço muito maior do que o esperado nas vendas. Em relação a maio, o ganho foi de 13,9%, ante consenso de alta de 8%.

Já a Airbus anunciou que vai rever com os governos da França e da Espanha polêmicos contratos que levaram os EUA a ganhar na Organização Mundial do Comércio (OMC) o direito de impor tarifas à União Europeia, numa disputa em torno de subsídios para a fabricação de aviões que se arrasta há 16 anos. Segundo a Airbus, seu gesto significa que os EUA não têm mais justificativa para punir a UE com tarifas.

Às 7h37 (de Brasília), a Bolsa de Londres caía 1,05%, a de Frankfurt recuava 1,49% e a de Paris se desvalorizava 1,33%. Já as de Milão, Madri e Lisboa tinham perdas de 1,36%, 1,39% e 0,29%, respectivamente. No câmbio, o euro operava praticamente estável em relação ao fim da tarde de ontem, negociado a US$ 1,1595, enquanto a libra caía a US$ 1,2730, de US$ 1,2735 na véspera. Com informações da Dow Jones Newswires.