Após o ministro do Comércio Exterior da França, Franck Riester, ter afirmado aos senadores franceses que o governo do presidente Emmanuel Macron não assinará o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou na noite desta quinta-feira, 20, a criticar aquele país. Segundo Bolsonaro, a posição francesa reflete um interesse econômico por uma questão de concorrência comercial com o Brasil. “Não existe amizade entre nações, existe interesse”, afirmou.

Riester, em audiência no Senado francês, disse que a Amazônia não é apenas dos brasileiros. Segundo Bolsonaro, essa é uma das justificativas da França para não assinar o acordo.

“Imagine se eu falo isso, ‘nós não vamos assinar o acordo com a UE’, o que iriam falar de mim? É interesse econômico. A França concorre conosco em muitas coisas, não vai chegar perto de nós, mas concorre em commodities”, disse.

O presidente exemplificou ao citar um anúncio da China de suspender parte da cooperação econômica com a Austrália após a decisão australiana de revogar um acordo sobre o projeto chinês das “rotas da seda”. Conforme Bolsonaro, o governo chinês, “com toda certeza, já está buscando o que a Austrália não manda para eles, e vai procurar a gente”.

Para Bolsonaro, nunca teve briga entre Brasil e China. “Ou você acha que qualquer país do mundo vai dizer: ‘Não vou comprar de vocês porque o presidente do seu país aí acha que eu sou feio’?. Não existe isso, não existe amizade entre nações, existe interesse econômico”, declarou.

Depois, o presidente questionou a política de fronteiras abertas da França. “Como o seu povo está vivendo? Gente de qualquer lugar do mundo acabou migrando para lá”, questionou Bolsonaro para, em seguida, dizer que as mulheres não são respeitadas por estrangeiros que foram morar naquele país. “Não tem respeito com mulher, acha que é um ser de segunda ou terceira categoria”, criticou.

O tema fez Bolsonaro emendar críticas à lei de imigração brasileira. “Pela lei de imigração, qualquer gente que chegar tem mais direito que brasileiro, inclusive você tem de respeitar a cultura dessa gente”, disse. Ele disse que quer rever a legislação, mas que depende do Congresso. “Fui o único parlamentar a falar contra a nossa lei de imigração.”