Apesar de ter prometido um anúncio “fantástico”, o presidente Jair Bolsonaro fez um evento político na tarde desta quarta-feira, 29, em Boa Vista (RR), para repetir a informação do início das obras do Linhão de Tucuruí, dada mais cedo durante o lançamento da rede de energia que ligará a capital a Manaus (AM). Dessa vez, a fala ocorreu no centro da capital roraimense para apoiadores trajando verde e amarelo, aglomerados e, em sua maioria, sem utilizar máscaras de proteção contra a covid-19. O chefe do Executivo “esticou” sua ida a Boa Vista para subir ao carro de som do ato. Pela agenda oficial do presidente, ele deveria ter retornado a Brasília às 13h55.

A linha de transmissão promete ligar Roraima, que desde 2019 é completamente dependente de usinas térmicas movidas a diesel, devido ao fim do contrato que o governo brasileiro mantinha com a Venezuela, ao sistema elétrico nacional. Hoje, em solenidade, o governo já havia lançado oficialmente a obra. “Com a pedra fundamental, temos a certeza de que vocês terão energia de qualidade e perene em nosso estado de Roraima”, destacou Bolsonaro, em seu pronunciamento. Em seguida, agradeceu à bancada do Estado no Congresso que o ajudou no projeto.

Em um discurso voltado à sua base de apoio mais conservadora, Bolsonaro voltou a dizer que o Brasil tem, “depois de muito tempo”, um presidente que acredita em Deus e respeita a Constituição. Também tornou a defender a atuação do governo federal no combate à pandemia. “Não podemos seguir o caminho da nossa querida Venezuela. Queremos liberdade e progresso, queremos um País onde a liberdade de culto se faça presente, bem como a liberdade de expressão. País onde você valoriza a família e a meritocracia”, acrescentou. “A ente pede a Deus que a democracia um dia se restabeleça naquele país”, completou, sobre a Venezuela, que faz fronteira com Roraima.

A agenda em Roraima faz parte do “tour” pelo Brasil de Bolsonaro para entregar obras na semana em que o governo completa mil dias. Em cima do carro de som, o chefe do Executivo falou hoje em “mil anos” de gestão. Foi alertado, mas não corrigiu a informação. “Estamos completando mil anos de governo. Mil anos. 600 anos de pandemia, aí não. A gente lamenta todas as mortes, mas temos que enfrentar os problemas”.