Pesquisadores brasileiros criaram um método para obter etanol a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar. O projeto, feito pela Embrapa Agroenergia e o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), visa impulsionar a indústria do etanol de segunda geração (E2G) do País.

A novidade é um coquetel enzimático CMX, uma mistura de enzimas produzidas a partir de três diferentes microrganismos. Ela demonstrou alto desempenho para desconstruir a biomassa da planta, ação fundamental para retirar dela o açúcar, que se transformará em biocombustível.

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Um estudo de impacto do coquetel estimou que uma usina com capacidade de produção anual de 70 mil toneladas de E2G será capaz de obter ganhos da ordem de R$ 50 milhões por ano. O investimento teria uma taxa interna de retorno de 19,2% e um valor presente líquido de R$ 76,69 mil em 20 anos.

De acordo com os criadores, o coquetel enzimático pode ter sua aplicação expandida para outros setores, como as indústrias de rações e têxtil. O objetivo é colocar o Brasil no mercado bilionário de produção de enzimas. Atualmente, o País importa enzimas celulolíticas, empregadas na desconstrução de biomassa lignocelulósica.

A maior parte das enzimas que compõem o coquetel foi obtida a partir de microrganismos da biodiversidade brasileira. A pesquisadora da Embrapa Betania Quirino destaca que o coquetel tem tecnologia 100% nacional e poderá ser produzido no próprio ambiente industrial.

Segundo os cientistas, agora, um dos principais desafios para a inserção da tecnologia no mercado é aprimorar o processo de produção dessas enzimas. Eles precisam aumentar a concentração no meio de produção, o que pode ser alcançado por meio de melhoramento genético dos microrganismos.