A paralisação do varejo por conta da pandemia do novo coronavírus resultou em uma baixa na demanda doméstica por algodão em pluma, já que muitas indústrias também reduziram a produção ou paralisaram as atividades.

De acordo com um estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq/USP), com menor faturamento, parte da indústria já busca renegociar títulos e algumas confecções estão pedindo prorrogação para os demais elos da indústria têxtil.

O levantamento mostra que, do lado dos vendedores da pluma, há solicitação do pagamento de lotes “sobre rodas”, que ocorre no momento do embarque, antes do trânsito da carga.

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Em relação ao mercado externo, o Cepea informou que a logística está normal, com agentes enviando o produto direto aos navios e armazéns próximos ao porto. No entanto, nos últimos dias, alguns clientes internacionais pediram para adiar as entregas. Entre os solicitantes estão os principais consumidores internacionais como China, Paquistão, Vietnã, Turquia, Bangladesh e Indonésia.

Do total produzido no Brasil, cerca de 70% é exportado. Em 2019, o País vendeu ao exterior 1,6 milhão de toneladas. Entre abril de 2019 e março de 2020, 1,91 milhão de toneladas, um recorde para 12 meses. Da safra 2018/19, colhida em 2019, mais da metade já foi negociada.

Para a safra 2019/20, a maior parte dos agentes ainda não negociou vendas antecipadas, mais de 50% da produção, o que poderá resultar em impactos negativos dos menores preços vigentes. Já para a temporada 2020/21, o contexto é diferente, tendo em vista os custos em alta e os preços futuros bem inferiores.

O relatório sinaliza a importância de um bom planejamento para vendas antecipadas no mercado de algodão, que devem resultar em remuneração melhor que para aqueles que negociarem daqui para frente os produtos das safras.