O agronegócio do Estado de São Paulo continua sobrevivendo em meio à pandemia do coronavírus. Enquanto há uma queda drástica na demanda do food service por mercadorias com origem no campo, vendas ao exterior, manutenção da distribuição de alimentos industrializados e mudança no comportamento da população fazem o peso para que os produtores continuem com as suas operações.

Segundo o Grupo Técnico de Monitoramento do Abastecimento de Alimentos e produtos agropecuários no Estado de São Paulo, a cadeia produtiva está se esforçando para manter a população abastecida. “As operações de produção e distribuição de alimentos industrializados direcionados ao abastecimento dos supermercados continua se desenvolvendo de forma adequada, sem rupturas de produtos”, destaca o grupo, por meio de relatório. As informações são da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

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Além disso, feiras livres e sacolões da cidade de São Paulo operam normalmente, como também os portos, todos seguindo medidas de segurança estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta o documento.

O diagnóstico leva em consideração os dados de toda a cadeia, nos 645 municípios do Estado, entre 30 de março e 3 de abril.

Análise por setor

No setor de grãos, aponta o relatório, a desvalorização do real e a alta demanda por milho, soja e derivados, continuam mantendo as vendas ao exterior aquecidas e os preços internos em processo de alta.

Em relação ao gado bovino de corte, “embora o mercado doméstico represente 75% das vendas da carne, as exportações se mantêm firmes.” Apenas em março, houve avanço de 6,2%, contra igual período do ano anterior, nos embarques de carne in natura, para 125,9 toneladas.

Já os produtores de leite de vaca seguem produção enxuta e têm visto uma grande procura pelo produto. As projeções apontam para alta nos preços nos próximos meses.

As exportações de frango in natura atingiram 324,6 mil toneladas em março de 2020: 2,2% acima das 317,4 mil toneladas de março de 2019. O ritmo de vendas ao exterior está desacelerando, porém a expectativa de agentes é de que os chineses aumentem a demanda da proteína brasileira nos próximos meses.

No mercado de ovos, as granjas não estão dando conta de produzir o suficiente para suprir a demanda. Segundo o grupo, as cotações atingiram o maior patamar desde 2013.

Para a carne suína, as perspectivas são de estabilidade, com poucas alterações no consumo interno e nas exportações. A projeção é de manutenção nos preços ou pequenas baixas.

Os produtores de frutas e hortaliças, após duas semanas com forte alteração na demanda e alta volatilidade no preço, têm um cenário otimista pela frente. Segundo o relatório, e esperada uma estabilização com movimentos sazonais decorrentes de safra e entressafra de produção.

O outro lado

O relatório também aponta piora nos demais segmentos do agronegócio paulista. O faturamento do setor sucroenergético, por exemplo, tem registrado impactos da crise do petróleo, em meio à pandemia, em suas receitas. “Para os fornecedores de cana, os riscos aumentam diante da redução de demanda e dos preços do etanol”, informa o documento.

“A demanda por flores e plantas continua fortemente impactada, com alguns segmentos registrando redução de até 90% do faturamento semanal”, destaca o relatório.

E no caso dos produtores aquícolas, as vendas caíram 60% com as restrições de funcionamento dos food services. Segundo o grupo, as projeções apontam para um prejuízo de R$ 6 bilhões neste ano ao segmento, tendo em vista que o PIB estimado para esta cadeia como um todo é de R$ 20 bilhões no ano. As exportações do setor atingem apenas US$ 12 milhões por ano, em média.

O grupo é formado por representantes da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, InvestSP, Prefeitura de São Paulo e Associação Brasileira da Industria de Alimentos (Abia).

Fazem parte do grupo ainda a Associação Paulista de Supermercados (Apas), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (FETCESP), Instituto de Foodservice Brasil e outros representantes do setor privado.