São Paulo, 12 – Atenta às oportunidades do mercado, a italiana Illycaffè amplia compras de café no Brasil – seu principal fornecedor global – e trabalha para ganhar consumidores por aqui. Executivos da empresa evitam dar números, mas destacam aumento das vendas nos últimos anos. De 2015 para 2016, o volume saltou 25%. Já no ano passado, o ganho foi de 18%, segundo a diretora geral da Illycaffè na América Latina, Giuliana Solari. A perspectiva é manter o desempenho em 2018 no Brasil, segundo maior consumidor do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Ao lado do presidente da empresa, Andrea Illy, e do CEO, Massimiliano Pogliani, Solari disse a jornalistas, nesta tarde de quinta-feira, 12, em São Paulo, que o desempenho de 2016 foi motivado por novos acordos comerciais nas vendas, sobretudo com o Grupo Pão de Açúcar. A parceria começou com menos de 20 lojas e hoje engloba mais de 155 pontos de venda do grupo varejista em Estados como São Paulo, Rio e Pernambuco. “Estamos prospectando novos parceiros. É um fluxo constante. A parceria com o Pão de Açúcar foi um fator importante para os ganhos de 2016 e continuou colaborando com o resultado do ano passado”, acrescentou.

Além do negócio com parceiros, a Illy tem investido na sua e-commerce brasileira, lançada em março do ano passado. Ainda sem comparativos por se tratar de um produto recente, Solari adiantou que as vendas têm surpreendido. O resultado é uma aproximação maior dos clientes, sem a necessidade de intermediação por parte do varejo.

A marca italiana atua no segmento premium, que, segundo a consultoria Nielsen, representa 3,6% do mercado total de café do Brasil. Apesar de pequeno, o potencial de crescimento incentivou investimentos de gigantes do setor. A JDE, por exemplo, cuja participação no varejo global de café é de 9,5%, atrás apenas da Nestlé(22%), trouxe para o Brasil no fim do ano passado a L’or, marca francesa top de linha do grupo.

Safra brasileira

A oferta do grão no Brasil neste ano não deve ser um problema, destacou o CEO da companhia, Massimiliano Pogliani. “Sabemos que essa será uma boa temporada para o café”, disse. A produção brasileira nesta safra deve ficar entre 54,44 milhões e 58,51 milhões de sacas de 60 quilos, representando uma variação positiva entre 21% a 30% em comparação com a temporada anterior, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A despeito da qualidade do grão, que foi prejudicada em algumas regiões no ano passado por causa da broca, o executivo destacou que esta não é uma realidade de seus produtores. “Nós focamos o café de melhor qualidade e não tivemos problema com o grão que nos foi oferecido”. No ano passado, muitos cafeicultores relataram incidência de broca, sobretudo no sul de Minas Gerais.

Em relação aos preços internacionais, o presidente da empresa, Andrea Illy, disse que eles não refletem o cenário global de oferta e demanda, cada vez mais aquecidos, sobretudo na China. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), o vencimento maio do arábica acumula perdas de mais de 20% nos últimos 12 meses. Os preços menos remuneradores ao produtor não afetam a negociação com os produtores, diz Illy. “Compramos um café especial. O preço neste segmento costuma ficar mais desconectado das bolsas”, disse. A empresa tem uma política de prêmio ao produtor, que beira os 30% em alguns casos.

Os executivos da empresa vieram ao Brasil, nesta quinta-feira, para a cerimônia do 27ª Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café. Entregue anualmente desde 1991, o prêmio foi instituído pela Illycaffè como ação dentro do plano de desenvolvimento da qualidade e sustentabilidade do grão no País. O concurso já reconheceu mais de 1,4 mil cafeicultores ao longo dos anos.