Fazenda sustentável

O município de Maracaju, a cerca de 160 quilômetros de Campo Grande, é o maior produtor de soja e de milho de Mato Grosso do Sul. Também tem, em escala comercial, os cultivos de cana-de-açúcar, arroz, feijão, mandioca, verduras e legumes. A diversificação da lavoura e da pecuária tem se tornado uma marca de seu agronegócio. Os produtores rurais, atores desse intenso movimento ocorrido nas últimas décadas, podem ser representados por projetos como o da Sapé Agro, que pertence ao biólogo Eduardo Riedel, terceira geração no campo. Ele planta grãos, cria gado de corte e de leite e até possui um projeto técnico de educação no campo. Nos 5,5 mil hectares da fazenda, a sustentabilidade econômica não se contrapõe ao meio ambiente, aos animais e às relações trabalhistas. Por conta desse conjunto de qualidades, a Sapé Agro é Ouro na categoria Fazenda Sustentável do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2017. “Em sua gênese a fazenda é uma atividade de longo prazo. É preciso enxergar um horizonte bem maior para definir os investimentos e garantir a lucratividade”, afirma Riedel. Após duas décadas de governança e atenção aos detalhes, o faturamento anual é de R$ 24 milhões.

A diversificação na Sapé Agro é uma realidade desde o seu início, na década de 1930. Mas ela foi intensificada após os anos 1990 com a integração da agricultura com pecuária. “Hoje, temos todas as nossas áreas de pasto reformadas”, afirma Riedel. A criação de gado, um rebanho de 2,6 mil animais, dos quais 1,2 mil são matrizes da raça brangus, ocupa uma área de apenas 550 hectares. “Tenho muito mais gado do que na década de noventa.” Desde o início, Riedel segue a receita da máxima seleção genética e do uso de tecnologia, com base nas recomendações do programa de melhoramento genético, no caso o Natura.

Segundo o diretor executivo, Artur Falcette, são negociados cerca de cem touros por ano. Na última safra, eles foram vendidos pela média de R$ 8 mil. Outros 400 bezerros seguem para a engorda em confinamento. Já as fêmeas são recriadas em semi-confinamento e entram em estação de monta entre 11 e 13 meses.

No caso do leite, depois de dois anos de projeto, o produtor está montando um rebanho de 300 fêmeas holandesas, que deve dobrar até 2020. O plano é faturar R$ 3,5 milhões já no primeiro ano atividade. Já para o projeto técnico, o produtor está à frente de uma startup de educação no agronegócio. Para ele, o desafio da sustentabilidade está em dialogar com as novas gerações. “Se não soubermos traduzir esse sistema para os jovens, corremos o risco de perder capacidade e desperdiçar inteligência”, afirma. Além da lida, Riedel encontra tempo para atividades fora da fazenda. Ele já foi presidência da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado, até 2014, ano em que assumiu o cargo de Secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica de Mato Grosso do Sul.