Com as novas medidas em vigor nesta sexta-feira, 26, o setor de alimentação só poderá funcionar em regime de drive-thru, em Campinas, maior cidade do interior de São Paulo, com 1,2 milhão de habitantes. Em supermercados e padarias será admitida a entrada de consumidores, mas apenas um por família. Com toque de recolher entre 20 horas e 5 da manhã, a circulação de pessoas e veículos está restrita a casos excepcionais. Campinas e os 19 municípios da região criaram um cinturão sanitário contra a covid-19, instalando barreiras nos acessos para restringir a entrada de visitantes.

As medidas vigoram até o dia 4, mas podem ser estendidas até o dia 11, acompanhando a prorrogação da fase emergencial do Plano São Paulo, definida pelo governador João Doria (PSDB). “Isso será avaliado na semana que vem”, disse o prefeito de Campinas, Dario Saadi (Republicanos). Serão levados em conta os números da pandemia na cidade e região. Nesta sexta, Campinas registrou mais 870 infectados e 29 mortes pela covid, chegando a 2.255 óbitos e 79.376 casos. “O momento é difícil e complicado, estamos enfrentando o grande desafio de nossa geração e precisamos cada vez mais nos apegar à ciência”, disse o prefeito.

Com as novas restrições, o comércio em geral fecha, mas pode fazer entregas até as 20 horas. Clínicas e pets só atenderão casos de urgência, assim como serviços de manutenção predial, elétrica e hidráulica. As medidas incluem o fechamento de concessionárias e lojas de veículos. Os serviços de assistência técnica só estão liberados para equipamentos médicos e hospitalares, além de casos emergenciais. As celebrações religiosas estão suspensas. A fiscalização do comércio e blitz para evitar a circulação noturna já foram intensificadas.

Barreiras

No primeiro dia de funcionamento das barreiras sanitárias em Campinas, houve pontos de congestionamento em alguns acessos rodoviários. Na Rodovia Anhanguera (SP-330), o bloqueio causou lentidão junto ao trevo de acesso à cidade. A fila de carros se estendeu da pista marginal até a Avenida Prestes Maia. Na cidade, as barreiras são itinerantes e acontecem apenas no período diurno. O objetivo é orientar os motoristas de outras cidades a voltar para seu município, caso o deslocamento não seja por motivo essencial.

Em pouco mais de uma hora de operação das quatro barreiras iniciais, os agentes abordaram ocupantes de 263 veículos com placas da capital e da Grande São Paulo. A maioria alegou que estava em deslocamento para o trabalho. Três pessoas disseram estar a caminho de consultas médicas na cidade. Conforme a prefeitura, não serão divulgados previamente detalhes das operações para garantir a efetividade da ação.

Em outras cidades da região, como Jaguariúna e Americana, quem chega de fora é obrigado a parar nas barreiras e tem a temperatura corporal checada. Na maioria das cidades, a abordagem é de caráter educativo e não há previsão de multas. Em Valinhos, no entanto, o decreto prevê multas que variam de R$ 180 e R$ 4,7 mil para quem descumprir a medida sanitária, incluindo o deslocamento noturno imotivado, já que a cidade também adotou o toque de recolher.