O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 3, que fatores externos e domésticos levaram à situação de juros na mínima histórica no Brasil. Ele ressaltou que a possibilidade de queda dos juros está ligada à disciplina fiscal, levando a um entendimento do mercado de que País manterá a responsabilidade na gestão da dívida pública.

Em live com o empresário Abílio Diniz, o presidente do BC assinalou que parte da explicação de a Selic estar a 2% ao ano vem do contexto de juros historicamente baixos em economias desenvolvidas, com o Federal Reserve (Fed) mudando, inclusive, a metodologia de atuação para convencer o mercado de que vai tolerar inflação mais alta.

A outra parte da explicação vem do ganho de credibilidade do BC desde a gestão anterior, de Ilan Goldfajn. Campos Neto lembrou que, quando a reforma da Previdência ganhou corpo, a curva longa de juros passou a cair e abriu espaço para cortes da taxa básica.

“Não existe juros baixos e inflação baixa com fiscal desorganizado”, frisou Campos Neto.

Segundo o presidente do BC, a volatilidade recente no mercado se deve não apenas a fatores externos, mas também a ruídos meramente políticos e ruídos que misturam política com fiscal.

“Todo ruído atrelado ao fiscal causa um ruído maior nos preços. Quando começam a falar em divisão dentro do governo, o mercado olha para o fiscal porque o fiscal é piloto, é o fator preponderante nas análises de agentes econômicos”, afirmou Campos Neto.