São Paulo, 24 – A consultoria Canaplan avalia as perspectivas para a safra de cana-de-açúcar 2020/21 como positivas e estima que o volume de moagem na temporada deve se aproximar dos 600 milhões de toneladas, mas não superá-las, conforme esperado por alguns participantes do mercado. Em “live” promovida nesta quinta-feira (23) sobre as primeiras visões para a safra, o analista Nilceu Piffer Cardozo afirmou que o clima este ano deve ser mais seco do que no ano passado e que a área de semeadura permanece praticamente igual.

O ritmo de moagem, entretanto, deve ser definido de acordo com os efeitos do novo coronavírus no setor sucroenergético e com base no tempo em que as políticas do governo demorarem para serem implementadas. “A moagem vai ser mais lenta se o auxílio do governo for tardio”, disse o analista.
+ Cana: entidades reivindicam medidas contra ‘colapso nas próximas semanas’
+ Culturas de milho e cana são mais prejudicadas em áreas sem irrigação

Em um cenário em que os efeitos da pandemia são máximos e as medidas públicas tardias, os analistas acreditam que a concentração da moagem de cana ocorrerá mais para o fim de 2020 e início de 2021. Nesse sentido, a moagem chegaria a 594,4 milhões de toneladas, com produtividade de 77 toneladas por hectare. A projeção para o mix sucroalcooleiro nesse caso é de 44% para açúcar, com cerca de 33,94 milhões de toneladas, e 56% para produção de etanol, que pode chegar a 26,67 bilhões de litros.

A queda nos preços de combustíveis e de açúcar preocupa o setor, mas a possibilidade de um aumento na produção de açúcar em relação à temporada passada também roubou o foco do mercado depois que a disseminação da doença aumentou. “Hoje os preços despencaram e nós não sabemos se o novo coronavírus vai afetar só os preços ou se vai prejudicar a própria operação da safra”, disse Cardozo. Antes do vírus, entretanto, a maior preocupação do setor era se a safra de 2019/20 iria atrapalhar a produção da safra 2020/21, tendo em vista os atrasos na colheita por causa do clima mais seco.