O barista e a lição de café

São Paulo é a cidade que hoje tem o cheiro do café de qualidade pairando no ar. Não importa a rua nem o bairro, existe sempre uma cafeteria exalando o perfume de um café de qualidade. Somente no quadrilátero mais sofisticado de São Paulo, o bairro dos Jardins, foram inauguradas no último ano pelo menos dez novas cafeterias destinadas ao consumo dos chamados cafés gourmets. Mesmo mais caros – uma xícara de café especial pode chegar a custar R$ 9, em comparação aos R$ 2 do espresso comum –, o aumento de consumo é fato. Hoje este tipo de café representa 3% do total de cafés vendidos (um milhão de sacas), mas o consumo cresce mais de 20% ao ano. O que mais chama a atenção, no entanto, é que o público jovem, na faixa dos 25 a 35 anos, tomou gosto pelos cafés de qualidade e se transformou no principal adepto dos gourmets. Mas a boa notícia não pára por aí. Nos próximos meses há muito mais a caminho: várias cafeterias estrangeiras abrirão suas portas, como novas Starbucks, Nespresso, Illy Bar Concept, que está previsto para chegar ao Brasil ainda neste semestre, e a nova rede Octávio Café, do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, que deverá ser inaugurada em até dois meses.

O aumento da produção de cafés está diretamente associado ao mercado dos produtos chamados gourmets ou especiais. Foi o que apontou a pesquisa da Interscience, como um dos fatores mais importantes para a conquista de novos consumidores, principalmente entre os jovens. É o caso de uma das mais charmosas cafeterias da atualidade em São Paulo, a Andaluza, na rua Caconde. Localizaada nos Jardins, o proprietário percebeu o crescimento da preferência do cliente pelos cafés gourmets e passou a oferecer mais opções no cardápio, certamente aliado a um espaço charmoso e de bom gosto. “A sofisticação e diversificação fazem parte de uma onda natural”, diz Luciano Pinheiro, proprietário da Andaluza. “Os clientes parecem ter descoberto o café de qualidade e o consumo só tem aumentado. E isso é ótimo porque nos obriga a criar cada vez mais opções para eles.”

1 MILHÃO de sacas de cafés gourmets é o volume produzido anualmente no Brasil

SANTO GRÃO: cafeteria virou ponto de encontro dos apreciadores de cafés gourmets

O mesmo acontece com outras redes de cafeterias que abriram as portas recentemente, como os cafés Suplicy, na alameda Lorena, e o café Il Barista, na nova Livraria da Vila. Mas é na rua Oscar Freire que estão as novidades. Os já tradicionais Santo Grão e Cristallo, agora juntam-se ao Oscar Café e à Dulca. O crescimento, agora, começa a atingir outros bairros, como o centro velho da cidade, onde antigamente se concentravam os melhores cafés. Ali ressurgem charmosos espaços como são os casos do Café da Pinacoteca, na Pinacoteca do Estado, localizado no belíssimo jardim da Luz, ou mesmo o Café do Páteo, encravado no Páteo do Colégio, marco zero da cidade.

Há pouco menos de dois anos o Abissínia Café, na região central de São Paulo, surgiu justamente para atender o gosto de um público que cada vez mais buscava qualidade. Além da grande variedade de cafés servidos no balcão, os clientes podem levar para casa oito marcas diferentes. A última pesquisa feita sobre cafés, “Tendências do Consumo de Café no Brasil”, aponta que, em 2005, 68% dos entrevistados recusavam a bebida por considerá-la prejudicial à saúde. Em 2006, depois da campanha de conscientização feita pelo governo, a rejeição ao café caiu para 33%.