Casa nova: a fábrica de amidos deverá aumentar a participação da companhia no setor de alimentos, que deve movimentar R$ 290 bilhões em 2010

Em março passado, o CEO da multinacional americana Cargill, Gregory Page, fez uma viagem que raramente costuma empreender. Ele deixou as instalações de seu escritório na cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, onde funciona a sede mundial do grupo, para desembarcar no Brasil, mais precisamente na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais. Page veio acompanhar de perto a inauguração da expansão do complexo industrial da companhia, o maior fora dos domínios americanos.

Mais que uma simples solenidade, o gesto ilustra bem a importância que o Brasil adquiriu dentro do grupo, principalmente em um momento considerado chave para a empresa. Depois de ver seu faturamento global recuar 3% no ano passado, caindo de US$ 120,4 bilhões para US$ 116 bilhões, a companhia faz seus planos para recuperar o prejuízo, focando sua atuação no País. “Investimos R$ 197 milhões na ampliação da unidade, o que nos permitirá um aumento de 70% na capacidade de processamento”, declarou Page, que faz questão de minimizar os resultados negativos. “O que importa é que nossa capacidade física de produção está crescendo”, explica.

Gregory Page: o CEO da empresa veio ver de perto os resultados dos investimentos realizados no País

Voltada para a fabricação de amido e adoçantes derivados de milho, a nova unidade tem a missão de aumentar a participação da Cargill no setor de alimentos, área considerada estratégica para o crescimento da empresa. Afinal, trata-se de um mercado que movimenta cerca de R$ 290 bilhões por ano e que deve crescer 4,5% em 2010, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia). “A expansão da fábrica é fundamental, pois está relacionada ao atendimento da demanda crescente por parte das indústrias de alimentos e papel brasileiras e, também, latino-americanas”, ressaltou o diretor comercial da unidade de negócio amidos e adoçantes, Paulo Hoffmann.

“Confiamos muito no crescimento econômico do Brasil e em todas as oportunidades que isso oferece, por isso estamos investindo”, completa. Outro setor de atuação que deve ser ampliado é o financeiro. A ideia é elevar as operações do Banco Cargill, que acaba de completar dez anos no Brasil, aumentando a carteira de clientes. Como atrativo, o “braço” financeiro do grupo conta com capital de R$ 150 milhões, destinados ao financiamento e ao desenvolvimento das principais operações financeiras, como carteiras comerciais, investimento e câmbio.

“Realizamos todos os tipos de operações, pois somos um banco múltiplo. Monetizamos os contratos com fornecedores de bens e serviços da Cargill e afiliadas”, explica o diretor de assuntos corporativos, Afonso Champi. Com o bom momento econômico do País, a oferta de crédito deve ser ampliada.

“Com certeza, iremos aumentar as ofertas. Podemos atingir um limite de seis vezes o nosso capital. Se necessário, capitalizaremos o banco de acordo com o nosso crescimento”, pondera Champi, que acredita que o fato de a instituição ser focada no agronegócio é uma das principais vantagens para os produtores. “Conhecemos muito bem a cadeia do agronegócio. Com isso, temos diferenciais de prazos e volumes, além de bom senso para entendermos a volatilidade e sazonalidade do setor, como a queda de preços e os problemas climáticos localizados e todas as suas implicações”, diz.