O grupo francês Carrefour Brasil, que faturou R$ 52,4 bilhões em 2017, e a Iniciativa para o Comércio Sustentável (IDH), organização global que atua em 40 países, lançaram, em julho, o programa “Produção Sustentável de Bezerros”, em Mato Grosso. O projeto abrange os vales do Juruena e do Araguaia, localizados nos biomas Amazônia e Cerrado, onde 80% da vegetação nativa são preservadas. A meta do projeto é a inclusão socioeconômica de pequenos e médios produtores, através do suporte à produção, como linhas de financiamento, assistência técnica para melhoramento genético e do pasto e apoio à legalização fundiária e ambiental. O programa se integra à estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI), lançado pelo governo do Estado de Mato Grosso na Convenção do Clima realizada em Paris, em 2015.

INSETOS
Abelhas ameaçadas

No ano passado, o Brasil exportou 27 milhões de toneladas de mel e faturou US$ 122 milhões. Por conta disso, a pesquisadora Marcia Motta Maués, da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA), faz um alerta: metade das frutas e hortaliças comercializadas no País pode desaparecer dos supermercados, caso o sumiço de abelhas continue em ritmo acelerado, como vem ocorrendo em vários países. O fenômeno vem preocupando cientistas, apicultores e agricultores brasileiros. Para eles, entre as causas do sumiço dos insetos estão as mudanças climáticas e o uso inadequado da terra, como manejo agrícola intensivo, pesticidas, cultivos geneticamente modificados, fungos, vírus e pragas.

MILHO
Lavoura em risco

Divulgação

O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) identificou nas lavouras de milho do Estado o surgimento de uma doença até então desconhecida no Brasil. Ela vinha sendo monitorada há dois anos. Trata-se da estria bacteriana. O primeiro registro global da doença foi feito em 1949, na África do Sul. Em 2016 ela foi detectada nos Estados Unidos e em 2017, na Argentina. De acordo com o pesquisador da entidade, Adriano de Paiva Custódio, a doença é provocada pela bactéria Xanthomonas vasicola pv. Vasculorum e pode reduzir à metade o rendimento de grãos híbridos das lavouras. No Paraná, ela foi identificada em 12 municípios das regiões oeste, centro-oeste norte do Estado, entre elas Cafelândia, Campo Mourão e Londrina. Na safra passada, a produção paranaense foi de 12 milhões de toneladas de milho, 14,4% do total brasileiro.

Em busca de uma agenda comum

O Brasil, com 212 milhões de bovinos, é um dos poucos países em condições de produzir carne sustentável, livre de desmatamento ilegal, em fazendas com muita biodiversidade. Trabalhar por essa causa é a meta do pecuarista Caio Penido, um dos herdeiros do grupo Roncador, que acaba de assumir a presidência do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS). Criado em 2009, o GTPS conta com representantes de toda a cadeia da carne bovina.

Caio Penido, presidente do GTPS (Crédito:Divulgação)

Qual o potencial da pecuária sustentável no Brasil?
Ele é gigantesco, mas a imagem do Pais sempre foi associada ao desmatamento e isso prejudica a nossa autoestima e as nossas relações comerciais. Para que esse potencial se torne realidade, o mercado precisa reconhecer esses atributos e valorizá-los.

Como atrair recursos para a causa?
Discutimos pautas, criamos projetos e buscamos recursos junto às empresas, fundos de impacto e investidores que tenham os mesmos interesses. Esses projetos direcionam nossas estratégicas e apoios a políticas públicas.

Quais os próximos planos do GTPS?
Encontrar agendas comuns e unir esforços para acelerar pautas. A valorização do ativo ambiental é um exemplo. Como as estratégias de conservação, através dos pagamentos por serviços ambientais. É uma relação de ganha-ganha para os pecuaristas, os ambientalistas e o Brasil.

Qual a grande meta do GTPS?
Encontrar uma forma de coexistência pacífica de duas grandes vocações do País: produzir carne e respeitar os limites dos sistemas naturais. Isso será possível com a regularização ambiental e ferramentas de gestão que quantifiquem e validem as boas práticas.

ANGUS
O senhor das gôndolas

Eduardo Rocha

O grupo varejista gaucho Zaffari começou mais uma parceria para vender carne de bovinos angus. A rede vai colocar em dez lojas que terão seus açougues reformulados carne com a marca Angus Zimmer, fruto de uma parceria entre o Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira da raça, e o frigorífico Zimmer, que atua no mercado há quatro décadas, com sede em Parobé (RS). A Zaffari vai trabalhar com o conceito de açougue gourmet, com peças como short ribs, shoulder steak, além da linha de churrasco e em porções, diretamente no balcão. A meta da associação de angus é chegar a um milhão de animais certificados no programa de carne, até 2020, em 15 Estados.

ENERGIA VERDE
Selo para a Copercana

A Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Copercana), com sede no município de Sertãozinho, recebe neste mês de agosto o primeiro selo para usuários de energia verde, entregue a um consumidor do mercado livre de energia elétrica. Fundada em 1963, a Copercana reúne seis mil cooperados. A ação faz parte do Programa de Certificação da Bioeletrici-dade, da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. A certificação começou em 2015, para empresas que produzem e consomem sua própria energia a partir da palha e do bagaço de cana. Atualmente, 67 unidades sucroenergéticas possuem o certificado.

FEIJÃO
Incentivo e apoio à pesquisa

Em busca de mais produtividade de feijão, pulses e grãos especiais, o governo de Mato Grosso reduziu a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 12% para 5% nas vendas interestaduais. O benefício vai até 31 de dezembro de 2020. Parte dos recursos arrecadados será repassada à Associação dos Produtores de Feijão, Trigo e Irrigantes de Mato Grosso. A proposta é incentivar pesquisas para o melhoramento genético dessas leguminosas. Para a safra 2017/2018, a Companhia Nacional de Abastecimento estima o cultivo de 12,2 mil hectares de feijão e produção de 12,6 mil toneladas no Estado. Para o Brasil, a previsão é de 1 milhão de hectares e 1,3 milhão de toneladas.

PARCEIRA
Mais lupa no meio ambiente

Uma parceria está nascendo entre a Embrapa Meio Ambiente, de Jaguariúna, SP, e o Observatório ABC, do Centro de Estudo de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas. A Embrapa monitora a Plataforma Multi-Institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa no projeto Agropecuária de Baixo Carbono. Já o Observatório ABC, é uma iniciativa para engajar a sociedade no debate sobre a agricultura de baixo carbono, em atividade desde 2013, focado em gestão, business e economia. A ideia é contribuir no desenvolvimento dos trabalhos em curso, criando mecanismos de monitoramento, registro e estabelecimento de metas para a verificação dos avanços nesse tipo de agricultura.

CARNE PREMIUM
Raça montana é a nova aposta da JBS

O Programa Montana, criado em 1992 para monitorar a qualidade dessa raça bovina, é o mais novo fornecedor de animais para a marca de carne 1953, lançada pela JBS em janeiro de 2018. Para que um animal participe, ele precisa ter 50% de sangue taurino, peso e cobertura de gordura de até seis milímetros na carcaça. Essas características dão padrão superior, maciez, sabor e suculência à carne. A bonificação ao produtor varia de acordo com a classificação do animal e pode chegar a R$ 13, por arroba. Para abastecer a marca, a JBS já havia feito parcerias com produtores de canchim, bonsmara e charolês.

LEITE
Qualidade adiada

Istock

Mais uma vez foi adiada a implantação de novas regras sanitárias, visando melhorar a qualidade do leite no País. A tarefa caberia ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O Brasil produz anualmente 34 bilhões de litros de leite, um dos maiores volumes globais, mas com a maior parte ainda de baixa qualidade. Isso por causa da alta presença de bactérias e de células somáticas, duas características ligadas à excelência do produto. Para sanar esse problema, desde 2008, o Mapa vem tentando mudar os critérios e procedimentos para a produção, acondicionamento, conservação, transporte, seleção e recepção do leite cru em estabelecimentos registrados no serviço de inspeção federal, mas esbarra na desorganização da cadeia. As mudanças estavam previstas para entrar em vigor no dia 1º de julho, em todas as regiões do País, e foram adiadas por mais um ano.

TECNOLOGIA
Raça canchim na era da precisão

Divulgação

Pela primeira vez, a edição anual da Prova Canchim de Avaliação de Desempenho, organizada pela Associação Brasileira de Criadores da raça, está utilizando a tecnologia BeefTrader, desenvolvida pela @Tech, empresa de tecnologia de precisão. Agora, além de medir peso, precocidade e carcaça, a prova também vai mensurar o potencial de lucro que cada animal avaliado. A prova que começou em julho e termina em novembro conta com 100 animais de 16 criadores, alojados no confinamento da Coplacana, em Piracicaba (SP). Os resultados permitem selecionar reprodutores para serem usados em rebanhos comerciais ou para a produção de sêmen. A raça canchim foi criada pela Embrapa de São Carlos (SP) na década de 1940, a partir do cruzamento do zebu com o gado francês charolês.

PARCERIA
Crédito para genética bovina

Rafael Hupsel

A Estância 2L, em Ribeirão Preto (SP), do grupo Adir, de Adir do Carmo Leonel e de seu filho Paulo Leonel, fechou uma parceria com o Banco do Brasil para a oferta de crédito destinado a financiar a outros pecuaristas a compra de material genético desenvolvido por eles. “A linha pré-aprovada destina-se à aquisição de animais e de sêmen da marca Adir”, afirma Paulo Leonel. “Não há limite de compra e a transação pode ser feita por meio do grupo ou nas agências do banco.” Além de nelore, que é uma tradição do criatório há 60 anos, o recurso pode ser utilizado para a compra de genética gir, sindi e girolando. Como também de gado angus e de holandês, ambos de origem americana, que são as mais novas apostas do grupo.

INVESTIMENTO
Uma proposta para regenerar o cerrado

Gabriel Reis

 

Dono da fazenda da Toca, um dos maiores projetos de agricultura orgânica do País, em Itirapina (SP), o empresário Pedro Paulo Diniz está ampliando a sua presença no agronegócio. Junto com dois sócios, os executivos Fábio Sakamoto e Marcio Marzola, ele criou a empresa Rizoma, com foco em agricultura regenerativa do Cerrado. A proposta é atrair investimentos de até R$ 200 milhões para arrendar terras na região e produzir grãos, principalmente milho e soja. Até 2030, a meta é ter 160 mil hectares arrendados e um milhão de hectares de agricultura regenerativa.

LEITE E CARNE
Melhoramento genético

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu lançou em julho o PMGZ Comercial, destinados a produtores de carne e leite. A modalidade faz parte do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) e oferece ferramentas para o criador aumentar a produtividade e o lucro. Além de um software, serão realizadas visitas aos produtores. O primeiro contrato foi assinado com a Agro Maripá, de Jaguariúna (SP), de Marcelo Baptista de Oliveira, que inscreveu 15 mil matrizes. O grupo cria nelore e gir, além de caprinos e cavalo mangalarga marchador.