O  setor de defensivos agrícolas vem de um longo período de bons resultados. Em 2015, porém, deve deixar de crescer pela primeira vez em anos. Consequência da crise, que deixou o agricultor apreensivo e segurou os investimentos no campo. Para 2016, a perspectiva é de mais um ano complicado para o setor, com perspectivas financeiras ainda cautelosas. O maior temor, segundo especialistas, é a dificuldade dos produtores brasileiros no acesso ao crédito rural para a próxima safra, o que pode impactar até os resultados em campo.

“Vemos 2016 como um ano ainda desafiador para o nosso setor. Continuamos a prever condições favoráveis no mercado porque entendemos que os agricultores continuarão utilizando inovações para obterem retorno sobre o investimento que realizam em suas lavouras”,  afirma Eduardo Estrada, presidente da Bayer CropScience para a América Latina. “ Mas a inovação continua sendo a base do crescimento da agricultura no Brasil. Importante reforçar que o agronegócio é o último a entrar na crise e o primeiro a sair”, segue.

Ainda de acodo com o executivo, uma forma de se reduzir os efeitos do cenário econômico conturbado, é a utilização por parte do produtor de instrumentos alternativos de financiamento ou de troca, como por exemplo o barter, ferramenta que utiliza parte da produção agrícola para o pagamento dos insumos. Nesta safra, estima-se que entre 10% e 20% dos negócios foram realizados via barter, número bem acima do registrado nos últimos anos.


“O agronegócio é o último a entrar na crise e o primeiro a sair” Eduardo Estrada, presidente da Bayer CropScience

Qual a prioridade do setor para 2016?
Necessitamos de maior agilidade no processo de registro de novas tecnologias, pois hoje é extremamente moroso. Atualmente, para o registro de um novo produto demora anos, atrasando assim a introdução de novas tecnologias que vão contribuir para que a agricultura brasileira produza cada vez mais.

Qual a importância dos defensivos para o agronegócio moderno?
A agricultura tropical exige atenção especial e monitoramento constante sobre as evoluções de fungos, pragas e plantas daninhas, que podem prejudicar a produtividade das lavouras. O desenvolvimento de defensivos e a aplicação correta, adequados à realidade local, são fundamentais para apoiar o agricultor a produzir mais e melhor.

A crise pode comprometer os investimentos no Brasil?
Para a Bayer CropScience não. Continuaremos investir no Brasil para oferecer o que há de mais moderno para o desenvolvimento da agricultura. Este é o nosso compromisso com o produtor rural, parceiros, comunidade científica e com a agricultura brasileira.

Se os problemas econômicos devem permanecer em 2016, a boa notícia para o setor é que o cenário político deve melhorar. Há alguns meses, o Ministério da Agricultura anunciou a criação do Plano de Defesa Agropecuária (PDA), um programa de combate às pragas que pode dar novo fôlego ao setor. O objetivo do Governo é reduzir as perdas em campo e também evitar o fechamento de mercados externos para produtos brasileiros – e para isso deverá fomentar o uso responsável de defensivos agrícolas em regiões ainda pouco tecnificadas.

“Existe a clara intenção de levar produtos agrícolas seguros e de qualidade aos brasileiros e esta iniciativa fortalecerá todo o setor agro. As ações contempladas no Plano de Defesa Agropecuária introduzem um novo modelo de gestão e contribuem para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, segmento que representa mais de 30% das exportações brasileiras e gera 24% dos empregos no país”, diz Estrada.

Outra boa notícia para o setor é a promessa da ministra Katia Abreu de desburocratizar o registro de defensivos agrícolas no Brasil. Atualmente, a aprovação de um novo agroquímico pode levar até cinco anos. Hoje existem mais de mil produtos aguardando aprovação no país. “Necessitamos de maior agilidade no processo de registro de novas tecnologias, pois hoje é extremamente moroso”, afirma o executivo da Bayer, lembrando que uma avaliação mais ágil trará benefícios para toda cadeia produtiva e contribuirá diretamente para que o produtor rural brasileiro possa produzir mais e melhor.

“Se essas medidas puderem ser implementadas já em 2016 será muito positivo para a agricultura brasileira, mas com o passivo existente atualmente dentro dos órgãos regulatórios, o impacto ocorreria provavelmente no médio prazo, por isso a importância de implementá-las o quanto antes”, conclui Eduardo Estrada.

A entrevista completa, em vídeo, pode ser acessada abaixo:

ESPECIAL PERSPECTIVA – RURAL 2016

Ano gordo para a pecuária 

Um setor em reconstrução

No embalo das carnes