São Paulo, 7 – A centralização do serviço de fiscalização dos frigoríficos deve reduzir a pressão política dos Estados e dar mais lisura ao sistema, afirma o pecuarista e vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Pedro de Camargo Neto. O Ministério da Agricultura publicou no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 7, redistribuição do comando das operações de fiscalização nos Estados para dez unidades do Sistema de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa).

Ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Camargo Neto, afirma que a mudança atende um pleito do setor, embora ainda não resolva os problemas. “É um passo importante, mas não é o suficiente”, diz. “Tem muita coisa ainda para ser feita. Precisa alterar a sistemática, as empresas precisam assumir mais responsabilidades”, diz.

Para Camargo Neto, o sistema atual ainda é antigo e precisa ser modernizado. O setor privado pediu essa mudança na sequência da primeira fase da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, segundo ele. “Agora, já era para estarmos tratando de outras questões”, lamenta.

A mudança começou de fato a ser gestada após a primeira fase da Carne Fraca, que detectou esquemas de corrupção entre frigoríficos e as superintendências estaduais. Para reduzir a influência desses superintendentes, a decisão sobre fiscalizações passará a ter mais influência federal. Logo após a deflagração da primeira fase da investigação, em 17 de março de 2017, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que 19 das 27 superintendências estaduais do ministério eram ocupadas por indicados políticos. Superintendentes de Goiás e do Paraná foram exonerados no mesmo mês.

Em relação aos fiscais agropecuários federais, Camargo Neto afirma que essa questão precisa ser enfrentada “não só em números”. A referência é sobre discussão em curso no setor sobre a necessidade de contratação de mais profissionais concursados ou terceirizados. “Tem de se pensar em um maneira mais inteligente de se fazer, usando defesa do consumidor, fiscalizações aleatórias e não permanentes”, cita como exemplos.