O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal (PF) com R$ 33 mil escondidos na cueca, ajudou a negociar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar equipamentos de proteção individual (EPIs) vendidos ao governo de Roraima por uma empresa suspeita de superfaturar o material. A informação consta no inquérito que apura desvios de recursos de emendas parlamentares destinados ao combate à pandemia do novo coronavírus.

Em ofício encaminhado no início de abril ao ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, o senador pede a disponibilização de uma aeronave e argumenta que “trata-se de material imprescindível na luta contra a pandemia do Covid-19 e um alento neste momento de crise”.

“No intuito de ajudar em especial com meu Estado de Roraima, zona de fronteira com a Venezuela, solicito seja disponibilizada emergencialmente aeronave para transporte de material hospitalar”, diz um trecho do documento. “O material já está pronto para ser entregue na base aérea de São Paulo”.

Mensagens obtidas pela Polícia Federal no curso da investigação indicam que os pedidos de ajuda com o transporte do material partiram do então servidor da Secretaria Estadual de Saúde Francisvaldo de Melo Paixão, delator do suposto esquema de desvios na Saúde em Roraima.

Nas conversas, Chico Rodrigues chega a responder: “falei com o brigadeiro Flávio. Está programando a data”. Em outra mensagem, o senador, que era vice-líder do governo Bolsonaro, diz que passou o contato de Francisvaldo ao Planalto. “Passei o tel do Secretário e o seu para equipe do Palácio do Planalto. Assunto avião transporte material médico”, afirma. Apesar das mensagens, o inquérito não confirma se o transporte foi realizado.

A empresa que forneceu os equipamentos é a Quantum que, segundo a Polícia Federal, superfaturou máscaras de proteção vendidas ao governo de Roraima a um preço 26 vezes mais caro do que o custo original.

Defesa

Os advogados do parlamentar se manifestaram sobre o tema. “O Senador Chico Rodrigues jamais intercedeu indevidamente em prol de qualquer interesse privado no âmbito de contratações no Estado de Roraima ou em qualquer outro órgão. As investigações irão provar que ele não cometeu qualquer irregularidade no exercício de suas funções. O Senador está à disposição das autoridades para esclarecer quaisquer dúvidas a respeito dos fatos em apuração.” Assinaram Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e Yasmin Handar.