Atenção, produtores de cacau e chocólatras de plantão: vem aí uma notícia que pode mudar suas vidas para sempre. Antes considerado junk food ou apenas comida de gordo, o chocolate agora está mudando seu status. Não, não se trata de nenhuma campanha publicitária, é apenas o resultado de uma série de estudos realizados pela renomada Universidade de Harvard, que comprova os benefícios do cacau para a saúde humana. Após mais de 20 anos de estudos, os pesquisadores descobriram que o fruto contém um poderoso antioxidante, conhecido como flavonóide, capaz de combater diversos males que assombram os humanos há tempos.

A verdade é que o cacau possui uma substância que melhora a circulação sangüínea, evitando uma série de problemas de saúde. Resumindo, o chocolate pode ajudar a controlar o colesterol, além de combater a depressão e até mesmo prevenir, no caso dos homens, a impotência sexual. Mais incrível ainda, ajudando na perda de peso.

Animado? Então corra para pegar uma barra de chocolate. Mas atenção: não pode ser qualquer barra. Como os antioxidantes são propriedades do cacau, quanto mais forte o chocolate, melhor. Os amargos, que contêm mais de 50% de cacau em suas fórmulas, são os mais indicados. Os chocolates com cerca de 45% de cacau, considerados meio amargos, também são uma boa pedida. Já os tradicionais (e saborosos) chocolates ao leite, com menos de 40% de cacau em suas fórmulas, não são os mais indicados para prevenir problemas cardíacos.

O estudo realizado em Harvard serviu apenas para comprovar o que há muito tempo já se sabia. Bebidas à base de cacau são consumidas há séculos em toda a América e eram as favoritas do imperador asteca Montezuma, que as considerava sagradas, entre outras coisas, por seus efeitos afrodisíacos. Seguindo a tradição de Montezuma, os índios kunas, do Panamá, também são ávidos consumidores de cacau até hoje e, coincidência ou não, quase não sofrem com problemas cardíacos, câncer nem diabetes.

SPECIAL DARK: com 60% de cacau, chocolate é uma ótima fonte de antioxidantes

No entanto, quando deixam a tribo e mudam seus hábitos alimentares, esses índios aumentam em 80% as chances de terem problemas vasculares. “Comer chocolate diariamente teve o mesmo efeito de uma pílula de Enalapril (um dos mais populares medicamentos contra insuficiência cardíaca à venda nos Estados Unidos) todos os dias”, garante Vicente Bayard, um dos responsáveis pela pesquisa com os kunas.

Outro estudo recente, realizado na Holanda, é ainda mais revelador. Nele, especialistas testaram o uso do chocolate em 470 idosos de 65 a 84 anos durante longos períodos.

Em 15 anos de pesquisas, concluiu-se que os que consumiam maior quantidade de cacau tiveram melhoras consideráveis na pressão sangüínea e chances 47% menores de morte por problemas cardíacos.

De olho neste mercado promissor, grandes empresas do setor, como a norte-americana Hershey’s, passaram a investir neste nicho. “Temos mais de 400 engenheiros trabalhando dia e noite só para pensar nos benefícios do chocolate. Fizemos uma pesquisa em parceria com a Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e comprovamos que o cacau é a principal fonte de antioxidantes para o homem”, explica Renata Vieira, gerente de marketing da Hershey’s do Brasil. “Temos trabalhado o chocolate com alto teor de cacau, pois quanto mais cacau, maior é a função antioxidante.”

Líder absoluta com 76% do mercado de chocolates nos Estados Unidos, a Hershey’s aposta nestes estudos para fortalecer sua imagem no Brasil, tanto que passou a estampar um logo com mensagens que exaltam as qualidades do produto em suas embalagens. No Brasil, a linha Special Dark, que traz em sua fórmula 60% de cacau, vem com a mensagem “cacau é fonte natural de flavonóides antioxidantes”. A estratégia está dando certo.

Lançado em julho de 2007, o Special Dark já representa 10% de todo o chocolate vendido pela Hershey´s no Brasil, mas tende a crescer ainda mais neste ano. De acordo com números da empresa, o mercado de chocolates cresceu 17% no Brasil em 2007, mas os amargos cresceram 27%. “É uma tendência. O consumidor começou a ver que o produto faz bem”, completa a executiva, lembrando que o recomendado é comer apenas oito gramas de chocolate amargo por dia.

Nicholas Vital