Produção diversificada, clima e investimentos. Esses são alguns dos principais ingredientes que formam a receita básica das cidades brasileiras que possuem a maior participação no PIB Agropecuário brasileiro. Em pesquisa realizada pelo IBGE, cidades de todo o País tiveram suas economias estudadas entre os anos de 2002 a 2005. O PIB agropecuário nacional nesse período era estimado em R$ 153 bilhões, época em que os preços da soja se encontravam em alta com câmbio mais favorecido. Não por acaso, das dez cidades mais bem colocadas, seis pertencem ao Estado de Mato Grosso, grande celeiro de grãos do Brasil. “Nosso setor produtivo está muito bem estruturado”, explica o Secretário de Agricultura do Estado, Naldo Egon Wirich.

Um exemplo desse crescimento movido a soja está no município de Campo Verde (MT), que saltou da modesta 91ª posição em 2002, com um PIB agropecuário de R$ 143 milhões, para o primeiro lugar em 2005, registrando um PIB de R$ 735 milhões, um crescimento de 413%. De acordo com o secretário de Agricultura do município, Aparecido Batista Brito, a aposta é na diversificação de culturas. “Nossa grande vantagem é que, ao contrário de outras cidades, temos uma produção diversificada, de algodão, milho, leite e outras culturas”, pondera.

Diversificar e tecnificar sua produção foi o que levou o município de Uberaba, em Minas Gerais, a ganhar várias posições no ranking do IBGE, subindo da 72ª posição para o 7º lugar em 2005, com um PIB de R$ 371 milhões. De acordo com o secretário de Agricultura de Uberaba, José Humberto Machado Guimarães, o município vem investindo na criação de um plantel melhor na sua bovinocultura leiteira e arrendado terras para cana. As qualidades desses municípios têm chamado a atenção de grandes empresas, que abrem a carteira nessas cidades. Em Campo Verde, a Sadia, sem revelar valores, investirá na construção de aviários. Em Diamantino (MT), 5º lugar no ranking, o grupo Bertin irá investir R$ 230 milhões na implantação de um frigorífico para corte de carne bovina destinada à exportação. A multinacional Cargill anunciou a implantação de uma esmagadora de soja em Primavera do Leste (MT), município que ocupa a 4ª posição no ranking. Um investimento estimado em R$ 250 milhões.

Embora festejem as boas colocações anunciadas pelo IBGE, essas cidades sabem que muita coisa mudou nesses dois últimos anos, conforme explica a consultora de mercado da AgraFNP, Jacqueline Bierhals. “No período de 2002-2005, os preços da soja aumentaram bastante, chegando quase aos patamares de hoje. Houve um movimento grande de expansão de áreas e compra e arrendamento de terras na região do cerrado, onde a soja predomina. Mas esse período é anterior à crise, que se iniciou na safra 2005/2006. Isso com certeza deverá alterar o cenário no próximo levantamento.” Mas, até que um novo levantamento seja divulgado pelo IBGE, esses são os municípios considerados os donos do PIB.

1. BARREIIRAS (BA) R$ 366 MILHÕES

A cidade possui 0,3% do PIB agropecuário e é a nova meca do algodão

2.UBERABA (MG) R$ 371 MILHÕES

Capital do gado nelore e forte no milho, a cidade detém 0,4% do PIB agropecuário

3. PRIMAVERA DO LESTE (MT) R$ 466 MILHÕES

O município se firmou na soja e é responsável por 0,4% do PIB agropecuário

4. S. DESIDÉRIO (BA) R$ 559 MILHÕES

Além do turismo, a cidade é forte no algodão e possui 0,5% do PIB agropecuário

5. CAMPO VERDE (MT) R$ 735 MILHÕES

A grande campeã ficou com 0,7% do PIB agropecuário e tem na soja o carro-chefe

Eduardo Savanachi