O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse que o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter anunciado na manhã deste sábado, 14, que vai pedir o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso é uma tentativa de desviar da crise real.

“Não é por acaso que esta crise institucional esteja sendo gerada por um presidente que é alvo de cinco inquéritos no STF; de um outro no TSE, e contra quem dormitam, na gaveta do presidente Câmara, mais de cem pedidos de impeachment. Dois deles, inclusive, assinados por mim”, afirmou, em vídeo postado na sua conta no Twitter.

“Não é por acaso, também, que este jogo tenebroso seja tocado por um presidente incompetente e sem projeto, que vê sua imagem derreter, no caldeirão do pavoroso quadro econômico e social que ele próprio gerou. Quando o desemprego aberto já atinge quase 15 milhões de brasileiros; quando a precarização do trabalho empobrece e machuca outros 40 milhões; quando os desalentados já passam de seis milhões.”

Segundo Ciro, Bolsonaro faz isso com a hipocrisia de “tiranete” que teatraliza temporariamente ritos democráticos. “Na verdade, ensaia o libreto desvairado de uma ditadura”, disse o também ex-governador do Ceará, completando que, ao enviar a mensagem de pedido de impeachment dos ministros ao Senado, Bolsonaro não quer outra coisa senão “jogar sua ruidosa horda de apoiadores na rua, provocar convulsão social e requisitar os célebres mecanismos da lei e da ordem que justifiquem alguma ação militar”.

Ciro classificou de desesperadas as investidas de Bolsonaro, após “ver cair sua máscara de falsa moralidade, agora que a CPI da Covid desvendou o vergonhoso esquema de corrupção com as vacinas, enquanto morriam centenas de milhares de brasileiras e brasileiros”. Segundo ele, o Brasil democrático precisa responder com equilíbrio, porém com firmeza, à escalada que já tem o script desenhado por um presidente “autoritário e desvairado”. “Impeachment não de ministros do STF, mas de um presidente que está devendo muito ao país e à democracia brasileira”, defendeu.