Dentro de poucos anos, não mais do que uma década, o Brasil deve chegar à casa de 300 milhões de toneladas de grãos cultivados em 71 milhões de hectares. O crescimento estimado em volume é da ordem de 30%, entre a safra 2017/2018 e a de 2027/2018, saindo de uma produção que nos dias atuais está na faixa de 230 milhões de toneladas. Os dados constam do estudo Projeções do Agronegócio Brasil, realizado pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura (Mapa) e Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Sire/Embrapa). “O Brasil tem se preparado para o aumento da produção e cumprirá a sua missão de oferecer alimento para o mundo, de forma sustentável”, afirma Eumar Novacki, secretário-executivo do Mapa.

O crescimento da produção se dará em uma série de cultivos, como algodão, amendoim, arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão e milho. Embora em área cultivada os destaque sejam a soja e o milho – sendo a maior parte reaproveitamento de pastagens naturais ou degradadas –, lavouras como as de arroz e feijão ganharão eficiência na produtividade. Ou seja, para essas commodities, a área cultivada pode até diminuir de tamanho, mas o aumento da produção é dado como certo. Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, diz que há um mundo crescente, demandante e com necessidade de produzir. “O Brasil vai ter de alimentar mais gente. E isso se faz com tecnologia”, diz. “Não é fácil, mas o País já mostrou o caminho.” Entre as safras 1990-91 e a 2017-18, a área cultivada aumentou 61%, enquanto a produção cresceu 312%.

Confiando que os negócios tendem a encontrar um cenário propício ao crescimento sustentável no médio e longo prazo, as empresas que atuam no setor não têm poupado investimentos. E quando podem, se reinventam. É o caso da Camil Alimentos, ganhadora do setor de Grãos do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018. No ano passado, a empresa, que é maior indústria de beneficiamento de arroz e feijão da América Latina, além de atuar no segmento de açúcar e de pescados, abriu o seu capital na B3, a bolsa de valores de São Paulo, como forma de se capitalizar e continuar crescendo. “Somos uma empresa com apetite para crescer”, diz Luciano Quartiero, CEO da Camil. Além de ser a ganhadora do setor de Grãos, a Camil foi a campeã na categoria Agronegócio Direto – Grupo Especial e também foi eleita a Empresa do Ano no Agronegócio. No ano passado, a companhia, que possui cerca de 6 mil funcionários, faturou R$ 4,6 bilhões. Há 5 anos, essa receita era de cerca de R$ 2 bilhões.

De acordo com Quartiero, é um desejo antigo da sua família, que detém o controle acionário da empresa, atuar no setor de cafés especiais e na cadeia do trigo. “Esse desejo é latente. Faremos aquisições nesse sentido, buscando marcas fortes.” Em setembro de 2017, a oferta inicial de ações da Camil (IPO, na sigla em inglês) precificou cada ação a R$ 9. Na ocasião, o movimento no mercado de capitais foi de R$ 1,3 bilhão, de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O passo da Camil Alimentos rumo ao mercado financeiro serve como sustento para o seu plano de consolidação na América do Sul, em países como Uruguai, Chile e Peru, onde já atua. Além disso, a empresa quer retornar à Argentina e entrar em mercados cobiçados, como a Colômbia, que produz os melhores cafés do mundo. “Vamos crescer de forma sustentável, olhando oportunidades”, diz Quartiero. “Sempre foi assim e continuaremos nesse caminho, mantendo as finanças saudáveis para dar segurança aos nossos parceiros e aos consumidores dos nossos produtos.”