Começa nesta quinta-feira, 3, a janela partidária, prazo para que deputados federais e estaduais mudem de partido sem correr o risco de perda do mandato. O “cartão verde” para a troca de legenda possibilita a consolidação de novos acordos e alianças em ano eleitoral, mas também permite que parlamentares insatisfeitos com os rumos da sigla procurem outro “abrigo” para a próxima legislatura. A janela termina no dia 1º de abril.

Nesse vaivém partidário, algumas legendas engordam suas bancadas e ganham poder de barganha na Câmara dos Deputados, enquanto outras, claro, acabam desfalcadas. Este ano, a sigla que mais deve crescer é o PL, que projeta um salto de 43 para 65 deputados. Antes mesmo da abertura do prazo, o partido já havia saído de 33 para 43 – graças sobretudo à filiação do presidente Jair Bolsonaro.

Também ganha o Progressistas, do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que deve sair dos atuais 42 deputados para 52. Em seguida, o PSD deve saltar de 35 para 40. O Republicanos, de 31 para 34. O PT, segunda maior bancada da Câmara, ganha um parlamentar e vai a 54. Por fim, a bancada da Rede cresce de 1 para 2.

Entre os partidos que mais devem perder filiados estão o PSDB, que pode cair de 32 para 27 deputados; o PDT, de 25 para 22; o PROS, de dez para sete, e o PTB, que, ao que tudo indica, terá a bancada diminuída pela metade, de dez para cinco.

Atualmente a maior bancada da Câmara, com 81 parlamentares, o União Brasil – fusão entre DEM e PSL – espera ter 61 deputados, contando com o desembarque de até 30 bolsonaristas e a vinda de pelo menos dez novas pessoas. Dessa forma, ao final do prazo, o primeiro lugar em quantidade de congressistas deve ser assumido pelo PL.

A movimentação entre as legendas começou antes mesmo da janela partidária, mas deve se intensificar a partir desta quinta-feira. Após os 30 dias, o “Centrão” deve ganhar ainda mais força e consolidar o declínio da tríade – MDB, PSDB e PT – que costumava disputar protagonismo na Câmara antes de 2018. Já a bancada do PL será turbinada com bolsonaristas e deve alcançar o melhor resultado da história do partido na Câmara.

Proporcionalmente, o maior derretimento deve acontecer no PTB. O partido enfrenta hoje uma crise interna por disputa de comando e a maioria dos deputados eleitos pela legenda discordam do rumo bolsonarista radical que o ex-deputado e presidente afastado da sigla, Roberto Jefferson, tem tomado.