Em tempos de crise econômica, a palavra-chave que mais se ouve é eficiência. Na realidade, a busca incessante por maior eficiência é uma constante em nosso mundo. Na logística não é diferente, um processo complexo que envolve muitas etapas e o trabalho de muita gente. No Brasil, o agronegócio é um exemplo. O setor vem crescendo ano após ano e, hoje, o País é o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Europeia.

Mas o transporte da produção ainda é feito, predominantemente, por rodovias. Cerca de 60% da matriz do transporte de cargas se concentram nessa modalidade, de acordo com dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). A agricultura brasileira modernizou-se e, aliada às condições climáticas e territoriais favoráveis, aumentou – e muito – sua produtividade, principalmente de grãos. A pressão sobre os modais logísticos para escoamento de safra cresceu, na mesma medida da demanda do produtor por serviços logísticos mais eficientes. Atender às necessidades do agricultor, ao mesmo tempo em que se otimiza processos, operações e custos, é um desafio diário para a indústria. Envolve complexas análises de recursos e de variáveis. Assim, as empresas do agro têm de se reinventar para encontrar as melhores soluções a cada dia.

Nos trilhos: uma logística na qual é possível integrar os vários modais pode levar à diminuição de custos e ao aumento da eficiência nos negócios (Crédito:Divulgação)

Para alcançar a tão falada eficiência logística, uma das soluções almejadas é o transporte multimodal. Ou seja, usar mais de um meio de transporte. As vantagens do multimodal são muitas. Entre elas estão reduzir o número de veículos nas estradas, otimizar os custos logísticos, minimizar as emissões de CO2 e o consumo de combustível, além de aumentar a capacidade de carregamento. Nesse cenário, a integração da cadeia de suprimentos tem se mostrado uma promissora solução para fazer frente aos desafios diários da logística nacional. Porém, isso exige das empresas de agronegócio um bom planejamento e sincronia das funções de originação, de produção e de entrega de produtos, para garantir a otimização de ponta a ponta da operação.

Dentro de uma empresa de agro, quando o assunto é integração da cadeia, é necessário voltar a atenção aos processos, sistemas e ferramentas que ajudem nisso. Significa desburocratizar e investir em gestão. Isso tudo exige muita análise de cenários, como por exemplo, estudar o desenho de malha ferroviária que se pretende utilizar. E, esse processo de mudança tem de ser suportado por estudos de viabilidade e benefícios de cada iniciativa, por redesenhos de processos e adoção de softwares que ajudem a monitorar com atenção cada uma das etapas.

A adoção da multimodalidade colaborativa e a gestão mais eficaz da cadeia logística podem ajudar a diminuir gastos e aumentar a eficiência dos negócios, tanto para as empresas do agronegócio, quanto para o produtor rural. A adoção de software de monitoramento de transporte, por exemplo, pode trazer várias melhorias e benefícios para a empresa e para o cliente. Como rastreamento de carga em tempo real e mitigação dos riscos de avarias e sinistros. Além de redução dos riscos de entrega das matérias-primas para produção e de um menor índice de roubo de cargas. É claro que o multimodal não é a solução para todos os problemas logísticos, mas colabora significativamente para melhorar a operação da cadeia agroindustrial. O importante é ter em mente que buscar a eficiência é estar aberto a mudanças e com isso entender que a nova forma de operar é estar em contínua transformação.