A bovinocultura brasileira alcança mais de 200 milhões de cabeças, com produção que chega a 9 milhões de toneladas de carne bovina por ano. Parte desta produção, mais de 30%, ocorre no cerrado, segundo informações da Embrapa. No entanto, a região do Centro-Oeste também oferece condições climáticas favoráveis à manutenção das populações do carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus) nas pastagens ao longo do ano.

Para o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Renato Andreotti, a situação representa um dos grandes entraves na produção de bovinos mais produtivos, em especial nos animais de raças taurinas e seus cruzamentos. Andreotti alerta que o problema pode gerar prejuízos com estimativa de perdas em torno de US$ 3,24 bilhões anualmente.

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O carrapato-do-boi causa perda de apetite, bicheiras, perda de peso e, consequentemente, queda na produção de carne e leite. O inseto, em casos extremos, pode levar à morte de animais pela transmissão da tristeza parasitária bovina (TPB). Animais cruzados, com sensibilidade maior ao carrapato, aumentam o risco de contrair a TPB na ordem de 4 a 9 vezes mais.

De acordo com o pesquisador, várias são as estratégias de controle deste ectoparasito, mas ainda é predominantemente realizada com acaricidas com aplicação dorsal, pela facilidade. A prática, porém, acarreta no surgimento de populações de carrapatos resistentes a essas bases químicas reduzindo o sucesso do tratamento no país. Pesquisas desenvolvidas na Embrapa Gado de Corte mostraram que o seu uso com a mesma base química, quando comparado com a pulverização, mostra perda de eficácia de 41,4%.

O que fazer?

O pesquisador ressalta que o controle estratégico é fundamental para a otimização da redução da população dos carrapatos, porque controla as larvas no ambiente, que representam 95% dos carrapatos no sistema de produção.

A pulverização deve ser feita com a câmara atomizadora (ducha veterinária), ferramenta facilitadora na aplicação de acaricidas de contato. “Apesar do maior investimento, é eficaz nos seus resultados, apresenta maior eficiência com menor tempo de aplicação e redução de perdas do produto para o ambiente”, afirma.

Durante o estudo da entidade, uma ducha veterinária com capacidade para carga de carrapaticida de 310 litros permitiu o tratamento de 77 animais por carga. Os resultados mostraram que o uso no tratamento de 200 animais viabiliza o investimento realizado para a colocação da ducha na propriedade. Esse método apresentou uma redução na carga parasitária de 79,2% já no segundo dia de tratamento, chegando a 83,1% no 21º dia.

“Ressalto que a instalação da ducha veterinária, para um rebanho que apresente cerca de 180 bovinos susceptíveis ao carrapato, a técnica em substituição aos tratamentos dorsal acarretaria uma economia por volta de 20%, recuperando o investimento no período de um ano”, finaliza Andreotti.