E quem apostou no campo começa a colher os resultados. Esse é o caso da Bayer, empresa alemã que viveu um momento delicado no Brasil entre os anos de 2004 e 2005. Nesse período, a agricultura nacional passou por uma das piores crises de preços de que se tem notícia num passado recente. Dólar em baixa, insumos em alta e preços das commodities agrícolas pouco atraentes jogaram os resultados da multinacional no País literalmente no chão. As vendas diminuíram e a companhia amargou prejuízos de R$ 117 milhões. Porém, passado o período crítico, os lucros voltam a germinar nos balanços da Bayer. “Sempre acreditamos no agronegócio e vamos continuar investindo”, avalia o diretor de operações da empresa no Brasil, Gerhard Bohne. Em 2007, a Bayer Cropscience, unidade que engloba os negócios agrícolas da empresa, registrou um faturamento de R$ 1,4 bilhão, um crescimento de 14% em relação a 2006, fazendo da área de defensivos o principal setor para a empresa no Brasil, com participação de 43% nas vendas. Para o ano de 2008, só existe uma palavra: crescer.

BOHNE: investimentos globais chegarão a 500 milhões de euros até 2015 e Brasil será beneficiado

Com boas perspectivas para o futuro, a empresa prepara um ciclo de investimentos para aumentar sua participação no mercado brasileiro, sobretudo no segmento de defensivos agrícolas. “O Brasil é o nosso segundo maior mercado de agroquímicos do mundo e a tendência é de crescimento nos próximos anos”, afirma Bohne. A meta é crescer a taxas acima do mercado, para isso a companhia planeja investimentos globais da ordem de ? 500 milhões por ano, que até 2015 devem ser aumentados gradativamente para ? 750 milhões, em pesquisas e desenvolvimentos voltados para as áreas agrícolas. “Nosso foco está no desenvolvimento de produtos voltados para o mercado local, com mais tecnologia incorporada. Isso ajuda a aumentar as vendas.”

Outra frente em que a empresa pretende crescer está na área de sementes. De acordo com Bohne, hoje as pesquisas nesse setor estão focadas em duas culturas: algodão e arroz. “Temos vários eventos híbridos desenvolvidos especialmente para o País.” Para ele, a quantidade de áreas agricultáveis no Brasil faz do País o grande candidato a principal fornecedor de alimentos para o mundo. “Para isso o País terá que investir em tecnologias, para aumentar sua produtividade”, prevê.

Já a Bayer HealthCare, divisão de cuidados com a saúde animal, apresentou crescimento de 50% em vendas em 2007, totalizando R$ 1,3 bilhão, o que corresponde a 39% do total do grupo no País. Ou seja, dos R$ 3,3 bilhões registrados como faturamento total do grupo no Brasil, R$ 2,7 bilhões vieram das vendas em segmentos relacionados com a atividade agrícola. O que coloca o agronegócio como grande responsável pelo crescimento de 25% registrado por todo o grupo em 2007. “A área agrícola passou por momentos ruins que nos afetaram. Mas com o bom desempenho da agricultura brasileira voltamos a crescer”, conta Gerhard Bohne.

A Bayer também espera crescer no setor de produtos transgênicos. No início do ano a empresa conseguiu a primeira aprovação comercial de um de seus produtos, o milho Liberty Link, resistente a herbicidas, que desde 1998 aguardava o parecer da CTNbio. De acordo com a empresa, o produto está em fase de desenvolvimento de negócio e em breve deverá chegar ao País.

De acordo com o vicepresidente do Sindicato Nacional das Indústrias para Defesa Vegetal (SINDAG), Amaury Sartori, o momento vivido pela Bayer reflete o bom desempenho de todo o setor. “Em 2007 retornamos ao nível de 2004 em termos de faturamento”, comemora. Segundo Sartori, o mercado de defensivos movimentou R$ 10,5 bilhões, ante os R$ 8,5 bilhões de 2006. “A Bayer é uma das maiores empresas do setor e o fato de estar confiante no futuro mostra a força da agricultura brasileira”, diz.