São Paulo, 17 – Os preços das hortaliças registraram queda no mês passado na grande maioria dos mercados atacadistas do País, representados pelas Centrais de Abastecimento (Ceasas). “Os porcentuais negativos foram significativos”, informa o 6º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort) nas Ceasas, divulgado nesta terça-feira (17) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O estudo destaca o declínio de preço do tomate e da cebola. “O tomate pelos seus elevados porcentuais de queda de preço e pela sua influência nos índices inflacionários”, dizem os técnicos da estatal. A queda de preço do produto ficou entre 15,49% na Ceasa/PE-Recife e 42,22% na Ceasa/CE-Fortaleza. A Conab ressalta que a média de preço em maio foi puxada para cima em virtude da greve dos caminhoneiros. Mas a previsão em junho já era de maior oferta nos mercados, o que pressiona os preços para baixo.

A cebola foi outra hortaliça cujos porcentuais de queda ocorreram em todos os mercados e foram significativos. Os declínios de preços em junho ficaram entre 40,85% na Ceasa/PE-Recife e 10,88% na Ceasa/GO-Goiânia. Próximo do maior porcentual ficou a queda de preço no outro mercado analisado do Nordeste, 35,79% na Ceasa/CE-Fortaleza. Nos outros mercados, A diminuição das cotações foi de: 23,13% na Ceasa/ES-Vitória, 14,14% na Ceasa/RJ-Rio de Janeiro, 13,19% na CeasaMinas/-Belo Horizonte e 13,04% em São Paulo/SP.

Segundo a Conab, a partir de agora o abastecimento da cebola fica pulverizado. Os mercados atacadistas recebem cebola do Nordeste, do Sudeste e do Centro Oeste e não ocorre mais a concentração de oferta a partir do Sul do País verificada de janeiro a maio, sobretudo da cebola de Santa Catarina, que comanda o abastecimento nessa época.

Os preços da alface em junho tiveram queda em todos os mercados analisados. Apenas na Ceasa/GO-Goiânia a variação negativa foi ínfima, podendo desta forma ser considerada estável (queda de 0,01%). Entretanto, nos demais mercados dos ocorreu acentuada queda de preço. O maior porcentual ficou por conta da Ceasa/PE-Recife, onde a diminuição de preço chegou a 54,55%.

Conforme a Conab, a queda de preço da alface já é normal para esta época do ano. A partir de junho as condições de produção ficam mais favoráveis. Com o término das chuvas, diminuição da temperatura com clima mais ameno ou até mesmo frio, a produtividade das áreas de produção aumenta, com o consequente incremento da oferta nos mercados. A oferta, desta forma, fica suficiente para atender o consumo, ainda mais que este sofre um arrefecimento diante das baixas temperaturas.

A exceção no comportamento das cotações das hortaliças ocorre com a batata na Ceagesp/SP-São Paulo, onde ocorreu alta de 2,19%, e na CeasaMinas/MG – Belo Horizonte que registrou um aumento de 16,78%. Outra exceção foi a cotação da cenoura na Ceasa/ES- Vitória que teve alta de 7,45%.

A Conab salienta que essas cinco hortaliças (tomate, cenoura, batata, cebola e alface) são as com maior representatividade na comercialização nas Ceasas e que registram maior destaque no cálculo do índice de inflação oficial (IPCA).

Frutas

No segmento de frutas, o estudo também considerou os alimentos com maior participação na comercialização e no cálculo da inflação (banana, laranja, maçã, mamão e melancia).

A maçã, em junho, apresentou movimento geral de aumento de preços e normalização da oferta nos centros de comercialização, com o fim da paralisação dos caminhoneiros e o aumento da demanda sendo fundamentais para explicar o aumento de preços.

O mamão também teve aumento das cotações para o formosa e o papaia, mas ainda relativamente menores do que as quedas de dois dígitos registradas no mês anterior, por causa da baixa oferta da fruta, menor qualidade em algumas praças, menor demanda para a época do ano e altas perdas nos caminhões que ficaram presos nas estradas.

No caso da banana, junho registrou perdas em Bom Jesus da Lapa (BA) na primeira quinzena do mês, em virtude de as frutas terem ficado presas na estrada por causa da greve dos caminhoneiros. Ao lado disso, informa a Conab, ocorreu o aumento da demanda da banana nanica catarinense pós-recomposição dos estoques nos entrepostos atacadistas com o fim da greve. Entretanto, pelo fato de a produtividade ter sido boa na região, a oferta ainda foi maior do que o aumento da demanda, o que fez com que os preços não aumentassem. Isso impactou sobremaneira a rentabilidade dos produtores. “Há a expectativa de reversão dessa tendência em julho, com a diminuição da colheita em virtude do frio e, portanto da oferta nas centrais de abastecimento”, prevê a Conab.

O mercado da laranja em junho mostrou bom aumento da demanda das indústrias produtoras de suco e a normalização no abastecimento da fruta, com a oferta controlada de laranjas pêra que têm amadurecimento mais apreciado pelo consumidor final. O sinal verde das indústrias para os produtores em fins de maio começou a fazer com que a colheita se intensificasse, relata a Conab.

Segundo a Conab, houve uma inversão nas variáveis preço e quantidade de melancias em relação a maio nas Ceasas, com o impacto do aumento da oferta de Uruana (GO) na primeira quinzena – em virtude da regularização do abastecimento -, o tempo propício nas regiões produtoras, que favoreceu a elevação da produtividade, e o avanço da colheita, além de variações da demanda por conta do clima frio, em que os consumidores compram menos a fruta.

Junho também marcou o fim do plantio de melancia em Tocantins (Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia, no oeste do Estado) e o consequente início da colheita, ainda em níveis pequenos mas em condições competitivas (com Uruana), pois a região de plantio é de clima quente, o que favorece seu desenvolvimento.

No mês passado se iniciou o plantio de melancia em Marília/Oscar Bressane (SP) com tempo mais ameno, por isso, mais favorável ao cultivo, embora com riscos de aumento de custos por causa da irrigação. Essa cultura começará a dar seus frutos em fins de setembro. Além disso, por conta do frio, o transplantio em Arroio dos Ratos, Triunfo e Montenegro (todas no Rio Grande do Sul) deve acabar em setembro, com início da colheita em fins de outubro, conclui a Conab.

O boletim é feito mensalmente pelo Prohort da Conab, a partir de informações fornecidas espontaneamente por grandes mercados atacadistas do País. Para esta edição, foram considerados os entrepostos dos Estados de SP, MG, RJ, ES, CE, PE, GO e DF.