São Paulo, 22 – O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino da Costa, diz que a safra de café 2018 será ampla no Brasil, mas, com os preços do grão pressionados pela oferta crescente também em outros países, a tendência é de a rentabilidade diminuir nesta temporada.

“A margem para o produtor está estreita, ou até mesmo nula”, disse ele em entrevista ao Broadcast Agro pelo telefone. Segundo Costa, a situação é menos desfavorável para os pequenos cafeicultores, que utilizam mão de obra familiar na propriedade.

À frente da maior cooperativa de café do mundo, Paulino da Costa diz que o setor poderá pedir ao governo apoio para sustentar as cotações de café na entrada da safra, em maio. “Vamos trabalhar para isso, mas é como tirar leite de pedra. O governo não tem recursos nem para bala para soldados”, afirmou. Paulino da Costa abriu nesta quarta-feira, 21, a 17ª Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas (Femagri), evento promovido pela Cooxupé.

A expectativa é de uma ampla safra de café no Brasil neste ano, o que tende a pressionar as cotações do produto para baixo. Isso pode ser observado na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que serve de referência de preço para o mercado. Os preços futuros do contrato para maio, segundo vencimento, acumulam desvalorização de cerca de 27% nos últimos 12 meses, principalmente pressionado pela previsão de uma grande oferta brasileira de café em 2018.

A safra brasileira de café este ano está estimada entre 54,44 milhões e 58,51 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde a um crescimento de 21,1% a 30,1% em relação ao ano passado, segundo o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de janeiro.

Colheita

Paulino da Costa salientou que a colheita 2018 na Cooxupé começará em maio. “Não será uma supersafra, como chegou a ser alardeado”, diz, atribuindo a avaliação à falta de chuva em setembro do ano passado, época de florada dos cafezais. A cooperativa deverá receber dos cooperados entre 4,4 milhões e 4,6 milhões de sacas de 60 kg, em comparação com 3,6 milhões de sacas em 2017.

“No ano passado, houve grande quebra no cerrado, por causa da bienalidade negativa”, explicou. Considerando o café recebido de terceiros, a cooperativa pode receber este ano um total de 5,6 milhões a 6 milhões de sacas.

Com relação aos investimento este ano, Paulino da Costa informou que não estão previstos desembolsos vultosos. “Devemos concluir os investimentos do ano passado, da ordem de R$ 46 milhões”, argumentou. Boa parte dos recursos foi aplicada na ampliação das unidades de processamento de café.