O brasileiro é um sujeito que gosta de começar o dia com um bom café quente, feito na hora. Passado no tradicional coador de pano ou no filtro de papel, dissolvido como o solúvel ou processado nas sofisticadas máquinas de espresso, a bebida consumida logo pela manhã ganha versões ao longo do dia, no trabalho, na lanchonete, no restaurante e nas cafeterias que se multiplicam nas
cidades brasileiras. As preparações que levam de chocolate a marshmallow, passando por chantilly e castanhas, dobram várias vezes as opções à base dessa paixão nacional, que movimenta 
cerca de R$ 7 bilhões por ano. Num mercado pulverizado em centenas de marcas regionais, espalhadas por todos os cantos do País, destacam-se algumas empresas de alcance nacional. É o caso da 3corações, que nasceu como uma empresa mineira, controlada pela israelense Strauss, que em 2005 foi adquirida pelo empresário Pedro Lima, dono da Santa Clara, com sede no município de Eusébio, no Ceará. Em 2010, a companhia mudou de nome para Grupo 3corações, tornando-se uma das gigantes do setor de torrefação e moagem. Neste ano, o Grupo 3corações conquistou o primeiro lugar no setor Café no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014. “Temos trabalhado para oferecer um café que atenda às expectativas do consumidor e para manter um relacionamento de confiança”, diz Lima, presidente da companhia. 

naense Café Itamaraty. Mas foi em 2013, ano em que o Grupo teve receita líquida de R$ 2 bilhões, que seus controladores iniciaram um novo capítulo de sua história: o das máquinas de café e bebidas quentes, como chás e chocolates. Para entrar nesse segmento, o grupo criou uma joint-venture com a italiana Caffitaly System. As máquinas são destinadas ao consumo monodose com cápsulas, batizadas
de linha Tres. Nesse território, antes dominado pela Nespresso, da suíça Nestlé, o Grupo 3corações vem surpreendendo o mercado. “A meta de vender 100 mil máquinas durante todo o ano de 2014 foi 
alcançada já em agosto”, diz Lima. Com isso, a expectativa para este ano é fechar com 150 mil unidades vendidas, 20 milhões de cápsulas comercializadas e uma receita bruta de R$ 2,7 bilhões, ante os R$ 2,4 bilhões obtidos em 2013. 

A aposta do Grupo 3corações foi um tiro certeiro no concorrido mercado de cafés. Os grãos gourmet e o segmento de cápsulas estão em franco crescimento no País, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). “O consumidor está migrando para cafés de melhor qualidade, seja na forma de grãos, seja na forma de sachês ou cápsulas”, diz Natan Herszkowicz, diretor- executivo da Abic. “Para atendêlo, a indústria reage oferecendo produtos diferenciados.” De acordo com Herszkowicz, os cafés especiais crescem a uma taxa anual de 15%, o quíntuplo do registrado pelo café tradicional. No entanto, os cafés especiais ainda representam um nicho de mercado, que corresponde a cerca de 4% do volume total de café consumido no País, que foi de 20 milhões de sacas no ano passado.

Para o Grupo 3corações, o lançamento das máquinas representa um passo decisivo na estratégia de posicionamento no mercado gourmet, complementando sua linha de produtos desse segmento, hoje com 13 itens. “Estamos construindo uma plataforma de produtos, que no longo prazo vai gerar mais retorno para a companhia”, diz Lima. “Nossos produtos tradicionais são fortes, mas aproveitaremos todas as oportunidades para investir em outros segmentos.” Segundo ele, o segredo do sucesso da 3corações é crescer de maneira sustentável e com base na inovação. Em 2013, por exemplo, a empresa lançou cappuccinos diferenciados, como chocolate com menta e de baunilha, e neste ano veio a versão diet. “Estamos num movimento de experimentações, sempre buscando apresentar ao consumidor produtos inovadores.” As novidades não devem parar por aí. Em 2015, a empresa vai lançar uma edição limitada de um blend especial, com certificação de origem. O grão do Cerrado Mineiro e premiado em concursos para essa linha já foi comprado.