A Anfavea, associação que representa as montadoras, estimou entre 1,4% e 4,1% o impacto potencial nos preços dos carros vindo do corte de 18,5% das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) aplicadas nas vendas de veículos. Durante apresentação dos resultados apurados pelo setor no mês passado, a direção da entidade disse que a tendência, em geral, é de as marcas repassarem a desoneração, já que o setor passa por um momento de volumes baixos.

Depois de a indústria registrar o primeiro bimestre mais fraco nas vendas de veículos dos últimos 17 anos, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, manifestou confiança de um impacto favorável do IPI menor a partir de março. A Anfavea adiantou que a média diária de emplacamentos no início deste mês aponta essa tendência positiva.

Apesar disso, a entidade prefere não fazer por enquanto previsões sobre o potencial de vendas adicionais, aguardando também por maior clareza sobre os efeitos da guerra na Ucrânia na inflação das matérias-primas.

“Estamos passando por um aumento de preços absurdo, mas várias montadoras já anunciaram redução de preços”, destacou Moraes. Segundo o porta-voz da indústria de automóveis, a decisão de repassar o corte no IPI depende de cada marca, porém a tendência, na maioria dos casos, é de a desoneração chegar ao consumidor final.

Após elogiar o ministro da Economia, Paulo Guedes, pela “coragem” de “mexer no IPI” – embora com redução inferior ao corte de 50% pleiteado pela indústria -, o presidente da Anfavea afirmou que a medida pode ajudar a ampliar o consumo, compensando assim parte do impacto da redução da carga tributária ao caixa do governo.

Os gargalos de produção nas fábricas ainda impõem, no entanto, um limite ao crescimento dos volumes. Embora o absenteísmo por contaminações da Ômicron tenha deixado de ser um problema, a falta de componentes eletrônicos segue provocando paralisações nas montadoras. “O desafio agora é conseguir componentes e puxar a produção o máximo possível”, comentou Moraes.