Brasília, 5/12 – O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, qualificou nesta terça-feira, 5, o crescimento da produção do setor em 2017 como atípico. “Se a produção cair em 2018, não significa que batemos o teto da produção em 2017”, disse ele, durante entrevista coletiva sobre as perspectivas para o próximo ano.

Em 2017, a produção de grãos deve ficar próxima de 238 milhões de toneladas, conforme dados citados pela CNA. Já a previsão para o ano que vem é de 224 milhões de toneladas. “A expectativa é de que se chegue a 300 milhões de toneladas de grãos em 2020”, pontuou.

Questionado a respeito do cenário político para 2018, em que Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro despontam como os principais candidatos, Martins afirmou que sempre procurou blindar a CNA de influências políticas. “E vamos continuar assim”, garantiu. “Não compete à CNA entrar em política. Nossa política é classista e não tomaremos partido.”

O presidente da CNA também teceu críticas à estrutura de governo para o setor agropecuário. “O que aconteceu no Brasil, não só no Ministério da Agricultura, é que o País não acompanhou a evolução da agropecuária”, afirmou. Para ele, até há pouco tempo, “tínhamos um Ministério da Agricultura de 40 ou 50 anos atrás”. “A defesa sanitária no Brasil precisa ser eficiente. A estrutura do Ministério da Agricultura deixa a desejar”, disse.

De acordo com Martins, o País é, atualmente, eficiente da porteira para dentro, mas ineficiente da porteira para fora. A CNA estima que o custo do transporte no Brasil é quatro vezes maior que o verificado em outros países, como a Argentina.

No Congresso

O superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, afirmou que a entidade é contrária a uma proposta de tabelamento do frete, que tramita no Congresso. Segundo ele, isso “de cara” aumenta o custo do frete em 9%. “A entidade é extremamente contrária ao projeto de tabelamento do frete. Isso vai aumentar o custo final do produto.”

A CNA distribuiu, durante a coletiva, nota oficial contrária à proposta de revogação da Lei Kandir. Existe hoje Proposta de Emenda Constitucional (PEC), de nº 37, neste sentido no Congresso. O receio da CNA é de que seja estabelecida a cobrança de ICMS sobre as exportações, o que penalizaria o setor. “Se a Lei Kandir acabar, isso prejudicará enormemente a capacidade de exportação do agronegócio”, disse Martins.

Sobre o projeto de lei 7.391, que versa sobre as multas relativas ao Funrural, o chefe da assessoria jurídica da CNA, Carlos Bastide, afirmou que a proposta não traz anistia para dívidas, mas sim propõe parcelamento para quitação de débitos.