São essas algumas das credenciais que fizeram o agronegócio ter uma dimensão inédita e um lugar de destaque nas disputas eleitorais deste ano. Todos os candidatos incluíram as pautas do agronegócio em suas campanhas e tiveram como estratégia a aproximação com líderes e entidades representativas do setor. 

Segundo projeções realizadas pelo Ministério da Agricultura, o Brasil deve atingir a marca de 194 milhões de toneladas de grãos produzidos nesta safra, quase o dobro do que foi produzido em 2000,quando foram registrados 100 milhões de toneladas. Além disso, o País é líder na produção e exportação de café, açúcar, etanol de canade- açúcar e suco de laranja. Também é o terceiro maior produtor global de frangos e possui o segundo maior rebanho bovino do mundo. Esses dados mostram a importância do agronegócio para a economia nacional, um segmento que funciona como um dos motores que impulsionam o Brasil para o crescimento. Diante desse fato, a pergunta que fica é: perante o governo federal, o agronegócio vai realmente conseguir aumentar sua importância ou ao menos manter o patamar atual nos próximos quatro anos?

Os desafios para o governo que se inicia no dia 1º de janeiro de 2015, e também para o setor, são bem conhecidos. Por isso é necessário encará-los de uma vez por todas. É preciso profissionalizar o segmento, aumentar a eficiência operacional, criar empregos, fixar a população no interior do País com qualidade de vida e boas oportunidades, ampliar a competitividade global, investir em infraestrutura de armazenagem, transporte e logística, e realizar um planejamento integrado de longo prazo, para calibrar a oferta com o crescimento do consumo esperado.

Por outro lado, as empresas do setor também precisam estar preparadas e dispostas para se tornarem agentes ativos na melhoria das condições e no crescimento da agroindústria. Na última década, com os preços mais altos das commodities, as atividades relacionadas à agricultura se tornaram mais rentáveis, atraindo os olhares de investidores, nacionais e estrangeiros, com interesses financeiros ou estratégicos. As perspectivas para os empresários do setor e investidores são enormes, visto que a área plantada de 53,3 milhões de hectares representa apenas 27,7% do território nacional. Além disso,  as previsões são de que nas próximas décadas o agronegócio poderá acrescentar outros 70 milhões de hectares de área para a produção de alimentos e energia. Essa incorporação se dará por meio de técnicas sustentáveis de produção, como a agricultura de baixo carbono e a Integração Lavoura-Pecuária- Floresta (IL PF), sem a necessidade de derrubar uma única árvore. 

Vale ressaltar que os gestores do agronegócio, que almejam acessar recursos no mercado internacional, dentre eles empréstimo de longo prazo ou de equity, precisam avançar cada vez mais com a implementação da profissionalização da gestão e da boa governança corporativa. Tais medidas trazem mais transparência e credibilidade ao setor, permitindo, assim, a criação de valor de forma consistente e sustentável. Por isso, os empresários do agronegócio devem ter claro que um empreendimento que não for estruturado e transparente terá mais dificuldades de conseguir novos investimentos e empréstimos.

O Brasil é um país diferenciado em termos de terra para plantio, pelo clima e por possuir grandes extensões agricultáveis. A gestão profissionalizada do setor é condição primordial para captar novos recursos que tornem as empresas e, consequentemente, o agronegócio mais robustos. Assim, é possível enfrentar a competitividade mundial e elevar o setor a novos patamares, através de um desenvolvimento sustentável e orientado para ampliar a inserção do Brasil nas cadeias produtivas globais.