O haras Meus Encantos tem cerca de cinco hectares e fica localizado nos arredores da capital mineira Belo Horizonte. O local tem sido o refúgio predileto da cantora de música sertaneja Paula Fernandes, 32 anos, uma das artistas de maior sucesso no Brasil.

Em 24 anos de carreira, ela já vendeu 4,5 milhões de discos. Por isso, mesmo com uma agenda lotada de shows por todo o País, Paula Fernades faz questão de estar no haras pelo menos um dia na semana. O motivo? Passar um tempo com uma de suas maiores paixões: os cavalos. “Sou da roça”, diz a cantora. “A natureza é o meu ambiente ideal e, junto com os meus cavalos, encontro a fonte para renovar as energias e a inspiração para compor músicas.”

Em seu álbum mais recente, lançado em outubro do ano passado, um trecho do refrão da música Menino Bonito diz “vem menino bonito, montado a cavalo cabelos ao vento”. Até para os palcos Paula Fernandes levou a sua paixão. Durante um show no Rio de Janeiro, em 2013, a cantora surgiu montada na garupa de um cavalo. Mas a artista tem planos de ir além das homenagens. Ela quer se firmar como uma criadora. “Tenho animais que estão chamando a atenção e quero ajudar a disseminar essa genética.”

Hoje, a cantora cria quatro cavalos. Três são da raça mangalarga: Sereno, de seis anos, Mali de sete anos e Amaluna, uma fêmea de 1,5 ano. O outro cavalo, Índio, é um quarto de milha de três anos. “Quero me dedicar mesmo ao mangalarga”, afirma. “A raça me atraiu por ser bem dócil.” Agora, mais três exemplares da raça vão incrementar o seu haras: Egito, de 11 meses, Fogo, de um ano, e Atena, de dois anos, chegam à propriedade neste mês. Mas Paula Fernandes não tem pressa em virar a chave da criação por hobby para uma criação voltada a negócios. “Por enquanto, vou criar mais por prazer”, diz ela. Mas o plano é formar um plantel de respeito. “Não estou atrás de qualquer animal, quero ter apenas os melhores.”

A paixão de Paula Fernandes por cavalos é antiga. Remete à época em que a cantora tinha apenas dois meses de idade, em 1984, quando morava em um sítio próximo à Serra do Cipó, no município de Santana de Pirapama (MG). “Minha mãe, Dulce Souza, conta que eu só conseguia pegar no sono andando a cavalo com o meu avô Nelsom Alves”, diz ela. Já aos cinco anos de idade, a cantora conseguia colocar o cabresto em Queimado, um cavalo da família que se tornaria seu maior parceiro até a adolescência. Porém, sua trajetória artística, que começou aos oito anos de idade, a afastrou da vida no campo. Do pequeno sítio, Paula Fernandes foi morar em Sete Lagoas (MG) em 1991, e depois em São Paulo, em 1996. Hoje, a capital mineira é a sua morada fixa. “Mas prefiro estar no haras, que se tornou a realização de um sonho”, afirma.

A atração da cantora pelo mangalarga foi influenciada pelo namorado, o dentista Henrique do Valle, que é criador da raça em Brasília e que a ajudou a construir o haras Meus Encantos há cerca de cinco anos. Foi com a ajuda de Valle que Paula Fernandes encontrou Sereno, ou melhor, Irerê da Lira, o nome oficial do cavalo. O animal, que pertencia ao criador Leandro Canedo Guimarães dos Santos, da estância Leda, de Anápolis (GO), foi vendido à cantora em 2014. “Quando vi a foto do cavalo, mesmo antes de comprá-lo, disse na hora que o nome dele seria Sereno.” Foi com esse cavalo que a artista participou de parte da cavalgada “Do Sertão ao Mar, pelos Caminhos da Estrada Real”, organizada em abril deste ano pelo criador paranaense Paulo Junqueira Arantes. A tropa, que saiu de Diamantina (MG), percorreu quase 1,8 mil quilômetros até o Rio de Janeiro. “Participei de um trajeto de 43 quilômetros, na passagem por Ouro Preto, e foi muito bom”.

Além de cavalgadas junto com seu namorado, Paula Fernandes tem sido uma presença constante em provas funcionais do mangalarga pelo País. No mês passado, ela foi a madrinha do maior evento da raça no ano, a 38ª Exposição Nacional Mangalarga, que aconteceu em São João da Boa Vista (SP). Para o criador Mário Barbosa Neto, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), a imagem de Paula Fernandes é uma oportunidade para projetar ainda mais a raça no País, que hoje conta com cerca de 3,2 mil associados e 230 mil animais registrados. “Como criadora e sócia há mais de um ano da ABCCRM, ela garante uma visibilidade muito maior para o mangalarga”, diz Barbosa Neto. Além da cantora, no universo de celebridades que criam mangalarga estão, por exemplo, os atores Ana Paula Arósio, Rodrigo Santoro e Tarcísio Meira. “O temperamento dócil e a marcha cômoda faz o cavalo mangalarga conquistar a todos”, diz Barbosa Neto. “Inclusive eles.”


“O temperamento dócil e a marcha cômoda faz o cavalo mangalarga conquistar a todos”  Mário Barbosa Neto, presidente da ABCCRM