No campo, o modelo de sustentabilidade do agronegócio que inclui o meio ambiente, a saúde humana e animal, as relações justas de trabalho, além de questões como rentabilidade e valor do nome de uma fazenda, é o grande desafio das propriedades que se dedicam à pecuária de corte no País. Nos dias atuais, mostrar que o boi não destrói a natureza, e que as fazendas podem ser importantes guardiãs de ecossistemas faz parte da tarefa de empresários rurais que começam a se modernizar para atender um consumidor de carne cada vez mais conectado com conceitos de bem-estar animal. Quem decidiu enfrentar esse desafio, certificando as propriedades para um modelo de negócio ambiental e socialmente correto, vem descobrindo que os ganhos financeiros também são uma consequência do novo conceito de sustentabilidade. Os irmãos Nedson e José Rodrigues Pereira, donos da fazenda Cachoeirão, em Bandeirantes, no Mato Grosso do Sul, são exemplos de que é possível mudar. A Cachoeirão é o destaque da categoria Fazenda Sustentável do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL. “O produtor precisa de rentabilidade para ir em frente, isso é fato”, diz Nedson. “O que estamos aprendendo é que, no pacote da gestão financeira, os recursos humanos e a atenção ao meio ambiente têm o mesmo peso de avaliação.”

Para não errar na gestão sustentável, os irmãos Pereira decidiram inscrever a fazenda Cachoeirão no Programa de Boas Práticas Agropecuárias (BPA), uma iniciativa da Embrapa com apoio dos Ministérios da Agricultura, Trabalho e Meio Ambiente. O programa existe desde 2005 e conta com 130 propriedades inscritas. Atualmente, os irmãos Pereira investem em consultorias para tornar a fazenda um modelo de gestão cada vez mais eficiente, participam de programa de melhoramento genético e colecionam prêmios pela qualidade da carne que entregam ao frigorífico.

O resultado do trabalho foi o aumento do rebanho, depois de recuperar os pastos. Assim, onde antes pastava um animal de 450 quilos, hoje cabem cinco. A produção anual de boi gordo passou a dois mil animais, cuja idade de abate caiu para 14 meses. Com isso, a fazenda dos irmãos Rodrigues Pereira, passou a fornecer para mercados que pagam mais pela qualidade. “O investimento dos últimos anos mudou a cultura da fazenda”, diz José. “Além de sobrar mais dinheiro no bolso”.