Nutrição animal

O Brasil, que está entre os maiores produtores e exportadores de carnes bovina, suína e de aves do mundo, também detém um lugar importante na produção de alimentos para esses rebanhos. É o terceiro maior produtor global de rações e ingredientes para nutrição animal, atrás, somente, dos Estados Unidos e da China. Em 2016, a indústria nacional produziu 70 milhões de toneladas de rações e de sal mineral, 4,3% acima do ciclo anterior, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), entidade que reúne as principais empresas do setor. Por isso, o País tem atraído a atenção de companhias globais, como a americana Phibro Saúde Animal, especializada na fabricação de aditivos para rações de bovinos, aves, suínos, peixes e crustáceos. As estratégias escolhidas têm dado bons frutos. No ano passado, a receita da subsidiária brasileira da Phibro foi de R$ 338 milhões, 8,1% acima do ciclo anterior. Com esse resultado, ela foi a campeã no setor Nutrição Animal no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2017. “Temos crescido todos os anos”, diz Maurício Graziani, presidente da companhia. “A base de tudo é divulgar os resultados das pesquisas que realizamos, e também daquelas nas quais somos parceiros, por meio de eventos e da mídia digital, principalmente.” No ano passado, por exemplo, a empresa lançou a página Pecuária de Leite Eficiente, na internet, um canal de comunicação online, nos mesmos moldes do Pecuária Eficiente, voltada para o gado de corte.

Na pesquisa, a Phibro tem mostrado aptidão para novos vôos, embora a pecuária bovina seja seu principal negócio. É o caso da criação de peixe em cativeiro, um setor que no ano passado movimentou R$ 4,5 bilhões, 10% acima de 2015, e que tem uma previsão de forte incremento. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a aquicultura vai crescer nos próximos anos no Brasil, com o consumo passando os atuais 9,6 quilos per capita para 12,7 quilos em 2025, volume 32% superior. “Criamos uma área de negócios para a aquicultura, principalmente a criação de tilápias e de camarões”, afirma Graziani. “A base é pequena, comparada a outros segmentos em que atuamos, mas o objetivo é crescer.”

Na área de bovinos, a Phibro reforçou seus investimentos em pesquisa, utilizando como uma das estratégias o programa Pecuária do Conhecimento, em parceria com a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da unidade de Colina (SP) e que pertence ao governo do Estado de São Paulo. A parceria, que já dura cinco anos, é para experimentos de campo. Nesse período já foram realizados 80 cursos para cerca de 1,6 mil participantes, entre pecuaristas, técnicos e funcionários de fazendas. Foi dessa parceria que surgiu o programa nutricional e o conceito do boi 7-7-7, no qual a meta é que um animal atinja 21 arrobas em 24 meses, das quais sete arrobas na cria, sete na recria e sete na terminação. No caso, as pesquisas vêm sendo refinadas para o período da recria, o mais crítico na criação de animais e onde o pecuarista pode perder dinheiro.


Outras duas áreas de atuação, de acordo com Graziani, e que também estão no radar da empresa, são a avicultura e a suinocultura. As pesquisas em nutrição ocorrem em parceria com instituições superiores como a Universidade Federal de Viçosa (MG). “São trabalhos pontuais, conforme a demanda”, diz ele. “Nos últimos sete anos, investimos R$ 7 milhões em pesquisa e desenvolvimento no Brasil.” Para Graziani, o grande desafio atual é como crescer e ser cada vez mais eficiente com as novas tecnologias que estão chegando. Como a pecuária de precisão, na qual sairão na frente os produtores capazes de armazenar e controlar um grande número de informações e transformá-las em um banco de dados para prever as necessidades do rebanho. “Precisamos nos adaptar às tecnologias, para atender as necessidades do consumidor”, diz ele. “Por isso, o conceito a ser trabalhado é de que a cadeia acontece do campo até a mesa.” Com o esforço para que uma dieta mais eficiente entre na agenda dos produtores, a Phibro projeta um crescimento de seu negócio da ordem de 10%, acima do ano anterior e da projeção do setor. O Sindirações estima a produção de 72,4 milhões toneladas em 2017, um crescimento de 3,4%. Segundo Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, ele é fruto da atual conjuntura. “A demanda depende do que querem os consumidores e também do cenário político e econômico.” Saem na frente as empresas mais preparadas para esse desafio.