Feito para desestimular os perdulários, o ditado popular “dinheiro não dá em árvore” nem sempre é verdadeiro. Em 2013, enquanto os países produtores de papel e celulose ainda se retraíam sob efeito da crise mundial, que afetou as vendas e a rentabilidade, no Brasil, o setor seguia numa direção oposta. A despeito da paradeira no mercado internacional, a produção de celulose conseguiu crescer 8,2% e a de papel, 1,8%. Foram R$ 56 bilhões de receita bruta, o que corresponde a 5,5% do PIB industrial brasileiro. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), os bons números decorrem da melhora na exportação, que somaram US$ 7,2 bilhões ao setor, com a comercialização de quatro milhões de toneladas de celulose e 1,9 milhão de toneladas de papel, 7,5% a mais que o acumulado de 2012. Se levada em consideração apenas a celulose, o aumento é ainda maior: 10,2%. Para a presidente- executiva da Ibá, Elizabeth de Carvalhaes, o equilíbrio entre produção e comercialização foi fundamental para que o setor não fosse afetado pelo cenário externo. “Conseguimos manter investimentos na ampliação e modernização do parque industrial”, afirma.

Com as exportações aquecidas e produção em alta, a brasileira Klabin seguiu à risca seu plano de longo prazo, que prevê ampliar seu portfólio de produtos, manter florestas próprias e ampliar a relevância no mercado. Sob o comando do diretor- geral, Fabio Schvartsman, a estratégia obteve sucesso. Em 2013, a Klabin registrou receita líquida R$ 4,6 bilhões, 10% superior à do ano anterior. Já o Ebitda ajustado atingiu o número recorde de R$ 1,6 bilhão, 16% a mais em relação a 2012, com margem de 34%, o melhor resultado da história da companhia. O desempenho foi mais que o suficiente para que a companhia conquistasse o destaque no setor Papel e Celulose da MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014.

Fundada no século 19, pelos irmãos Maurício, Salomão e Hessel Klabin e pelo primo Miguel Lafer, a empresa iniciou sua trajetória imporpor tando produtos de papelaria e produzia artigos para escritórios. Em 1902, passou a fabricar papel e celulose, com a fábrica de Papel Paulista, em Itu (SP). Para Schvartsman, a grande participação no mercado está atrelada à alta produtividade florestal, já que a empresa conta com um dos menores raios-médios entre floresta e fábrica do mercado. “Essa estratégia fez com que conseguíssemos nos consolidar cada vez mais como uma empresa flexível e ágil”, afirma o executivo. Com meta de dobrar de tamanho em três anos, a companhia anunciou, em 2012, o maior investimento de seus 115 anos de história. O chamado Projeto Puma demandará recursos da ordem de R$ 6,6 bilhões para a instalação de uma nova fábrica de celulose em Ortigueira, no Paraná, que terá capacidade anual de produção de 1,5 milhão de toneladas. O projeto só será concluído em 2016, mas a companhia já começa a sentir os reflexos positivos. “Mesmo com um cenário mundial desafiador, mantemos bons resultados financeiros e seguimos nossos cronogramas de investimentos, sempre com foco no Projeto Puma”, diz Schvartsman.

Neste ano, o desempenho não tem sido diferente. Enquanto a economia brasileira patina, com expectativa de crescimento praticamente zero, a Klabin não parou de investir. Inaugurará, em 2015, uma nova
máquina de papel reciclado na unidade de Goiana (PE), capaz de produzir mais de 100 mil toneladas por  ano. Há, ainda, planos de modernização nas fábricas de Angatuba e Piracicaba, em São Paulo. A Klabin também destaca o plano de sustentabilidade como diferencial para crescer. “Temos, agora, mais esse reconhecimento do mercado, que impacta positivamente nossa reputação, competitividade e rentabilidade”, afirma o diretor-geral.