A possibilidade de produção de combustíveis alternativos realmente tem atraído investidores de diversos setores. Até meados de 2009, na cidade de Rio das Flores, antigo pólo produtor de café no Estado do Rio de Janeiro, entrará em atividade a Usina Mac Laren, grupo ligado à construção naval carioca. A titular da empresa, Gisela Mac Laren, fez fama por sua capacidade gerencial e por conseguir resgatar a pujança da empresa, que passou por dificuldades até meados de 2000. Agora, a família pretende expandir as atividades e colocar em prática um projeto cujo investimento inicial é de R$ 30 milhões, que vai gerar 10,5 milhões de litros de biodiesel puro por ano. “Vamos ampliar as atividades do grupo”, diz a presidente. A matriz energética será o pinhão manso, planta cuja semente possui um dos mais altos níveis de produtividade, superior ao da soja e da mamona. Para tanto, serão produzidas 25 mil toneladas de sementes, numa área de cinco mil hectares, o que resultará em 30 mil litros diários do combustível. E será erguida uma usina com mil metros quadrados de área construída. Com as primeiras mudas semeadas em dezembro de 2006, as plantas alcançarão o pico de colheita no início de 2009, quando as máquinas devem começar a funcionar. A unidade de prensagem, que fará a extração do óleo vegetal bruto, trabalhará com capacidade diária para processar 84 toneladas de sementes, ao longo de 300 dias por ano. Como subproduto serão produzidas 1.260 toneladas/ano de glicerina, mais a torta e o farelo, usados como adubo.

Na opinião de Willian Mac Laren, um dos proprietários da empresa e responsável pelo projeto, o empreendimento contará com diversas parcerias na região que, para ele, possuem forte viés social. Essa, segundo o empresário, é a melhor forma de ajudar no desenvolvimento da cidade, cuja principal atividade é a pecuária leiteira de baixa produção. “Numa área de 100 hectares,por exemplo, em que a população local tem 40 ou 50 vacas matrizes muito ruins, será possível produzir centenas de toneladas de sementes de pinhão manso e agregar renda para a comunidade”, afirma. Ele explica que o tipo da cultura não permite mecanização e, portanto, será utilizada mãode- obra local. “Os profissionais serão selecionados em Rio das Flores”, revela o empreendedor, que estima entre empregos diretos e indiretos aproximadamente 20 mil novos postos de trabalho.

A escolha do pinhão manso em detrimento de outras plantas está pautada, segundo o engenheiro agrônomo responsável pelo projeto, Pedro Gasparelo, pela produtividade e resistência. Para o técnico, além da alta produtividade, a planta possui resistência a períodos mais longos de estiagem. “Claro que essa cultura precisa de água, assim como qualquer outra, mas com certeza ela é mais resistente à falta de chuva do que a soja ou a mamona”, explica.

O que a Mac Laren espera para o futuro é a produção de um biodiesel extremamente refinado, limpo e capaz de substituir o diesel derivado do petróleo. “Sem dúvida esse é o futuro dos combustíveis; sem poluir o meio ambiente e gerando muitos empregos”, garante Willian Mac Laren.

PALAVRA DE EMPRESÁRIA: “Vamos ampliar os negócios e partir para a produção de energia limpa”